Foi o primeiro debate para acertar contas, entre antigos parceiros, agora desavindos. António Costa ganhou o debate a Jerónimo de Sousa, concluem os comentadores do Expresso por unanimidade. Mas as notas (e as justificações) não são todas iguais. Veja aqui
Daniel Oliveira
Jerónimo de Sousa 4 – António Costa 6
“Precisamos de uma maioria que não chumbe tudo” ou “não podemos ter um governo de dois em dois anos”, duas frases de Costa neste debate, é trabalhar num exercício de amnésia. Como o próprio reconheceu, esta foi das soluções mais longas da nossa democracia. Aparentemente, deveu-se a ele e não a quem o manteve no poder. Mas Jerónimo não conseguiu reagir com eficácia às acusações sobre o chumbo do Orçamento, mesmo quando Costa defende para o futuro coisas que recusou agora. Tentou passar que o PS queria ir a votos, coisa que o atual discurso de Costa até confirma, mas com pouca eficácia. O debate foi cordato, mas a energia de Jerónimo no debate foi muitíssimo baixa e em televisão isso conta. Costa foi mais eficaz. Um debate centrado em tudo o que já foi dito e redito, como interessava a Costa, mas com muito pouco interesse.
Paulo Baldaia
Jerónimo de Sousa 5 – António Costa 6
Num debate em que a cassete comunista foi substituída pela cassete António Costa, com o líder do PS a repetir que foi uma irresponsabilidade chumbar o orçamento em tempo de pandemia, Jerónimo de Sousa foi o primeiro a falar mas não foi capaz de antecipar o que toda a gente sabia que ia acontecer. Acordou a meio do debate e foi firme a falar das expectativas que tem uma família que trabalha para ganhar 700 euros e vive na pobreza. Costa repetiu no fim do debate a questão da responsabilidade mostrando pouca vontade em repetir a geringonça, Jerónimo voltou a deixar a porta aberta.
Martim Silva
António Costa 6 – Jerónimo de Sousa 4
“É uma expresso no mínimo infeliz”, respondeu Jerónimo de Sousa quando instado a comentar a afirmação de Catarina Martins, segundo a qual nesta altura António Costa é o “principal obstáculo”. Assim foi o tom do debate entre os líderes dos dois partidos que aprovaram todos os Orçamentos do Estado de 2016 a 2021, na Assembleia da República, protagonizando a geringonça que mandou nestes seis anos. Costa e Jerónimo trocaram críticas sobre a responsabilidade nesta crise política, cada qual atirando a batata quente para o outro lado. Mas foi notório o esforço de evitar agressividades excessivas ou rupturas extemporâneas . O socialista ganhou porque Jerónimo, manifestamente, já não tem a vitalidade e assertividade de outros tempos.
Eunice Lourenço
António Costa 7 -Jerónimo de Sousa 4
António Costa fez-se de vítima que continua sem perceber porque é que o pcp chumbou o orçamento do Estado. E Jeronimo não conseguiu explicar as razões. Num debate entre adversários que sempre tentaram ser respeitosos um com o outro nos últimos seis anos, o líder socialista continuou respeitoso, mas espetou a farpa: “neste momento não sinto confiança “ numa solução estável à esquerda. Jerónimo não hostilizou, mas pouco mais argumentos teve que a repetição da “política patriótica e de esquerda”. E até deu uma mão a Antonio Costa ao considerar “expressão no mínimo infeliz” a afirmação de Catarina Martins no debate com o Livre onde considerou que o atual líder socialista é neste momento um obstáculo. Foi um debate mais sobre o passado do que sobre o futuro, veremos qual dos protagonistas terá mais futuro.
João Silvestre
António Costa 7 – Jerónimo de Sousa 5
Sem surpresas, o frente-a-frente entre António Costa e Jerónimo de Sousa foi uma espécie de segunda temporada do debate do Orçamento do Estado para 2022. Costa foi melhor a defender a estabilidade política e a lembrar o que já poderia existir caso o Orçamento tivesse sido aprovado. Jerónimo não foi suficientemente eficaz a justificar as vantagens do chumbo e a afastar culpas pela crise política. Prognósticos sobre o futuro, só depois das eleições.
David Dinis
António Costa 7 – Jerónimo de Sousa 4
Registe o dia 4 de janeiro: foi a noite em que António Costa deixou de poupar Jerónimo de Sousa e partiu ao ataque ao líder comunista. Costa foi direto e muito certeiro: falou das medidas do Orçamento que não passou (incluindo daquelas que só existem porque o PCP exigiu antes), apontou a jovens, famílias, empresas, idosos, e destrunfou com a crise e a pandemia. Sem “confiança” para esperar pelo PCP, até de Rui Rio falou, mas sempre pedindo maioria. Jerónimo esteve em dificuldades, sobretudo quando Costa perguntou se era possível exigir mais ao PS do que o PS estava a dar ao PCP. Restou-lhe falar para o seu eleitorado. Mas sem a força de outros tempos. A geringonça já é uma sombra de outros tempos.