Um estranho debate à distância Lisboa-Porto acabou por resultar num debate morno, entre dois Ruis distantes politicamente, mas serenos na conversa. Com três empates nas notas dos comentadores, uma outra nota chegou para desempatar. Veja notas e comentários
João Vieira Pereira
Rui Rio 7 – Rui Tavares 5
Talvez tenha sido a distância (Rio estava no Porto, Tavares em Lisboa) ou o facto de já ter apresentado o seu programa eleitoral, que permitiu este tenha sido o melhor debate de Rui Rio até agora. Atacou as medidas de Rui Tavares mostrando que desta vez estudou bem a lição. E foi claro sobre como tentará governar caso ganhe sem maioria, afastando um acordo com o Chega e falando da possibilidade de pedir apoio ao PS.
Rui Tavares começou por dizer que afinal Rio é crente pois só com um milagre é possível baixar impostos como propõe o PSD, mas ficou a impressão que é o líder do Livre que acha que eles existem quando diz que é preciso primeiro transformar a economia. E como? Através de um grande debate nacional. Se fosse tão fácil assim… De resto, Rui Tavares voltou a repetir as mesmas mensagens, com exemplos excessivos sobre a realidade de outros países que em nada são semelhantes ao nosso. Claramente que não estava tão bem preparado para este debate como em anteriores.
Martim Silva
Rui Rio 6 – 6 Rui Tavares
Os debates televisivos desta pré-campanha podem ter muitos defeitos. São muitos debates e muito encavalitados uns nos outros (esta noite Rio e Costa tiveram debates quase à mesma hora) e só duram 25 minutos, cada inviabilizando uma discussão séria e profunda.
Dito isto, os debates desta pré-campanha têm sido, genericamente, úteis, civilizados e sérios.
Assim aconteceu esta noite com dois Rui’s, colocados em pólos opostos e em situações muito diversas.
Discutiram os impostos e o que lhes fazer e qual deve ser a prioridade de descida. Discutiram a política salarial para Portugal. Discutiu-se o subsídio de desemprego. Entre outros temas.
Não foi tão emocionante como o Estoril-FC Porto, mas foi um debate bem interessante.
Eunice Lourenço
Rui Rio 7 – Rui Tavares 7
Apesar de ser o primeiro frente-a-frente feito à distância (com Rio no Porto e Tavares em Lisboa), foi um bom debate, que serviu para perceber diferenças de ideias e de propostas. Rui Rio conseguiu explicar o que pensa sobre o salário mínimo. E conseguiu ter o seu primeira debate sem justificações nem explicações sobre o Chega.
Rui Tavares, por seu lado, defendeu a sua ideia de subsidio de desemprego para quem se despede em determinadas circunstâncias, contudo poucos devem perceber o que seria o rendimento básico incondicional, uma ideia que o PAN também defende
Quanto a condições de governação, o líder do Livre deixou bem claro o seu sonho: uma maioria que junte PS, Livre e Pan. Tavares , que fala a uma velocidade superior a qualquer outro, esteve bem quando levou para o debate a hipótese de revisão constitucional, que se abre na próxima legislatura e quase não tem sido falada. Rio conseguiu atacá-lo na sua proposta de descriminalização das ofensas ao Presidente da República, que Tavares não teve oportunidade de justificar.
David Dinis
Rui Rio 6 – Rui Tavares 6
Ambos bem a arrancar, cada que na sua praia quando falaram de impostos: Rui Rio a sublinhar a necessidade de dar competitividade às empresas, Rui Tavares a valorizar a necessidade de dar melhores salários aos trabalhadores (com uma pequena nota mais, recordando os dias em que Rio dizia que os impostos não eram prioridade).
No subsídio de desemprego para desempregados, Rio foi determinado, Tavares defendeu bem a sua dama.
Depois, a governabilidade: é onde Rio está mais à-vontade, mostrando uma disponibilidade absoluta, na ausência de uma maioria absoluta.
Contas feitas, debate urbano, sereno, decente. Mas sem grande acrescento ao futuro.
Só uma nota: não se entende como Rui Rio faz um debate a partir de outro estúdio.
Filipe Garcia
Rui Rio 7 – Rui Tavares 5
E finalmente, um debate em que os dos participantes tinham consigo o programa eleitoral. Talvez por isso a discussão tenha sido em torno de medidas e propostas. Primeiro a política fiscal do PSD e a anunciada baixa de impostos, “só possível numa situação de normalidade”, nas palavras de Rio. Depois os salários. E Rio voltou a deixar promessas, aos funcionários públicos que “têm de ter aumentos”, seguindo-se o aumento do salário mínimo, tópico que aproveitou para acusar o Livre de defender um aumento que levaria ao “nivelamento por baixo” dos salários em Portugal. Tavares respondeu, acusando o líder social-democrata de ter números errados e que, no atual cenário, Portugal apenas “compete pelos baixos salários”. Mas nem assim Rio deixou de sorrir. Assim seria durante todo o debate, na discussão dos apoios sociais – com Rio a considerar surrealistas as propostas do Livre -, quando Tavares provocou o social-democrata por só ontem ter apresentado o programa ou quando deixou no ar a possibilidade de vir a governar com a extrema direita. Rio repetiu as justificações quanto à governabilidade, deixou as suas provocações – “PS e Livre, uma espécie de partidos irmãos” – e nem as sondagens que o colocam atrás do PS lhe tiraram o sorriso. A Tavares cabia chamar à atenção e assim apresentar o Livre a um novo eleitorado, mas falhou. Rio sabia que hoje só precisava de gerir, evitar soundbites polémicos e preparar caminho para o embate da próxima 5ª feira com António Costa. Esse terá menos sorrisos. Hoje a missão foi cumprida.