No debate entre todos, esta segunda-feira à noite na RTP, não houve líderes imunes a críticas cruzadas, mas António Costa foi o alvo preferencial: o primeiro-ministro foi visado por 43 intervenções (uma em cada dois minutos e meio), sendo 14 divididas por igual entre Rui Rio e Catarina Martins, mas seguidos por perto por todos os mais pequenos partidos da direita.
Costa, de resto, foi apenas mais poupado pela porta-voz do PAN (4) e por Rui Tavares do Livre. De Rui Rio, nota-se, cinco destas intervenções visaram a situação do SNS, o que mostra que o PSD escolheu já o seu tema preferido na campanha que se segue.
Ao inverso, Costa foi mais equitativo na distribuição das suas críticas: apontou quatro vezes ao PSD (passando pela ligação ao Chega nos Açores, ao programa na saúde ou até aos cortes do PSD no tempo da troika), mas dedicando também atenção aos ex-parceiros de maioria (três vezes a cada, sempre pela queda do Governo). E sempre poupando o PAN e o Livre a qualquer referência.
Quais foram os maiores alvos do debate televisivo
Na lista dos mais referenciados pelas críticas, segue-se Rui Rio. Quem mais o tornou um alvo foi Catarina Martins, seis vezes (quase tantas como as que dirigiu a Costa), mas também o foi muitas vezes por Inês Sousa Real e Rui Tavares. Ao invés, o líder do PSD concentrou todas as suas intervenções a apontar a António Costa. A sua única excepção foi Catarina Martins, quando se discutia quais os impostos que se devia reduzir primeiro.
Fora do bloco central, Catarina Martins (16) e Francisco Rodrigues dos Santos (15) foram os mais vezes citados – negativamente – durante as duas horas de debate na RTP. Mas foi uma profecia auto-alimentada: a porta-voz do Bloco foi sobretudo visada, precisamente, pelo presidente do CDS, sendo o inverso também verdade: 8 referências mútuas divididas em iguais partes. Mais curioso é que, se Catarina Martins depois se digeriu mais contra Costa, Rodrigues dos Santos escolheu PAN e Livre como alvos seguintes.
Só a seguir vem a CDU, 13 vezes apontada no debate pelos adversários, sobretudo por Costa (3) e Rodrigues dos Santos (3), no primeiro caso por ter deixado de apoiar o Governo, no segundo por o ter apoiado. João Oliveira, hoje no papel de Jerónimo de Sousa, foi mais seletivo: criticou quatro vezes Costa, duas o CDS e uma o PSD – de resto, esteve mais tempo a explicar o seu programa.
Quanto à Iniciativa Liberal, acabou por se tornar a bête noire das esquerdas: teve por igual três críticas de António Costa, de Catarina Martins e de Rui Tavares, mais duas de Inês Sousa Real. Da direita, nem uma se ouviu, embora tenha feito três ao PSD, uma ao CDS e outra ao Chega. Já André Ventura foi um pouco mais transversal: Cotrim Figueiredo também não se inibiu de lhe dirigir uma farpa, juntando-se às que ouviu da esquerda (com a líder do PAN a destacar-se). Mesmo assim, o líder do Chega esteve nesta noite muito longe da centralizado do debate (foi referido apenas oito vezes ao longo de 120 minutos).
Quem mais escapou a críticas foram, mesmo assim, o PAN e o Livre. O partido de defesa dos animais teve três referências negativas (duas vindas do CDS), distribuindo críticas igualmente entre PS e PSD (4 cada). Já o Livre não foi criticado diretamente por ninguém – e fez alvo sobretudo no PSD, IL e CDS.
- Texto: Expresso, jornal parceiro do POSTAL