O líder do PCP afirmou este domingo que “a escalada” da guerra na Ucrânia e “a política de sanções” contra a Rússia “não servem” a paz e contribuem para “os lucros da indústria militar” e dos especuladores.
“A escalada armamentista e a política de sanções económicas, comerciais, financeiras, culturais e desportivas não servem a causa da paz, nem os interesses dos povos”, defendeu o secretário-geral comunista, Jerónimo de Sousa.
Num discurso em Montemor-o-Novo, no distrito de Évora, no final do almoço comemorativo do 101.º aniversário do partido, o líder do PCP considerou que a guerra e as sanções “servem os lucros da indústria militar e os especuladores”.
“A política de sanções tem sido pretexto para os grupos económicos fomentarem a especulação”, que “fez aumentar preços de bens que já estavam produzidos ou cujas matérias-primas tinham sido negociadas e compradas há vários meses”, vincou.
Jerónimo sublinhou que deve ser dada “prioridade ao desenvolvimento de iniciativas e medidas que possibilitem um cessar-fogo e uma solução política do conflito”, pedindo que não se incentive a escalada “carregando mais armas para o conflito”.
Discursando para cerca de 600 pessoas, o secretário-geral comunista repetiu que “desde 2014 que o PCP alerta para a guerra na Ucrânia” e considerou que o partido esteve sozinho “na condenação da guerra e na exigência de soluções de paz”.
“EM DEFESA DA PAZ, DO CESSAR-FOGO E DE UMA SOLUÇÃO NEGOCIADA”
O líder do PCP responsabilizou a “ação do poder ucraniano”, que chamou de “xenófobo e belicista”, por ter causado, nos últimos oito anos, “mais de 14 mil mortos entre os seus próprios cidadãos”.
“Aqueles que recusaram acompanhar-nos nessa condenação […] têm a consciência pesada pelo seu silêncio e conivência”, mas “escusam de tentar esconder a sua cumplicidade com a guerra fazendo falsas acusações ao PCP”, realçou.
O dirigente comunista disse que “o percurso do PCP não admite quaisquer dúvidas” quanto à sua posição, salientando que o partido condena “toda a guerra que leva já oito anos na Ucrânia” e o “caminho de ingerência, violência e confrontação”.
“Continuaremos a ser em Portugal o partido mais firmemente decidido a intervir em defesa da paz, do cessar-fogo e de uma solução negociada para o conflito na Ucrânia, pela resposta aos problemas de segurança coletiva e do desarmamento na Europa e pelo cumprimento dos princípios da Carta da ONU e da Ata Final da Conferência de Helsínquia”, acrescentou.
No seu discurso de cerca de 20 minutos, Jerónimo de Sousa exigiu ao Governo do PS “medidas para enfrentar o problema do aumento do custo de vida”, propondo “uma política de controlo e fixação de preços de bens e serviços essenciais”.
O secretário-geral do PCP pediu também o aumento geral dos salários e das pensões para evitar “a perda de poder de compra” e defendeu “uma política que valorize a produção nacional” para que o país seja “capaz de produzir uma boa parte do que consome”.