O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, apontou hoje como desafio nacional para enfrentar a crise causada pandemia a “convergência” e o “diálogo”, advertindo que os “cidadãos não perdoam guerras” em período de “emergência”.
“Os cidadãos não perdoam guerras neste período de emergência. Que se sobreponham interesses particulares, privados, setoriais, de uma ou de outra instituição àquilo que deve ser o interesse comum”, afirmou o Chefe de Estado na abertura do Fórum La Toja, a decorrer até sábado na ilha de La Toja, em Pontevedra, na Galiza, Espanha.
O Presidente da República avisou que as crises económicas “não conhecem conveniências táticas ou setoriais” e defendeu “um verdadeiro compromisso dos que estão na vida pública e no serviço público”.
“E somos todos mobilizados. Isso é o interesse coletivo visto de várias maneiras. Com pluralismo mas o interesse coletivo, com diversidade mas interesse coletivo. Não o egoísmo, o interesse coletivo, o desprendimento, a disponibilidade, o olhar para as pessoas primeiro, para as pessoas de carne e osso. É por isso que os políticos são políticos, os médicos são médicos, que os professores são professores, empresários são empresários, e os trabalhadores são trabalhadores”, referiu.
Marcelo Rebelo de Sousa disse ser necessário equilibrar “a defesa da vida e da saúde com a abertura económica e social”, por considerar que “sem defesa da vida e da saúde não há recuperação económica e social”.
“É um equilibro difícil para o todos. Políticos, empresários, trabalhadores, cidadãos. Mas é o equilíbrio na emergência e nesta emergência é importante que se respeite o pluralismo e a diferença, mas se procure a convergência e o diálogo no que é essencial, nos símbolos da unidade, os chefes de estado de qualidade, os chefes de estado e as instituições políticas e democráticas, todas elas, a nível nacional, regional e local”, sustentou.
Avisou que são precisos planos de recuperação a “médio e longo prazo” porque a pandemia de covid-19 “pode durar mais seis meses”.
“Ou menos ou mais, não sabemos, mas a crise económica e social vai durar anos, e os anos exigem planos europeus e nacionais a olhar para médio e longo prazo. É mentira dizer que se resolve a situação económica e social em seis meses, uma ano, ou dois anos. Ou não se resolver naquilo que é estrutural”.
Falando na presença do Rei de Espanha, Felipe VI, Marcelo disse que a pandemia veio trazer “uma oportunidade única para resolver problemas estruturais”.
“O que falhou nos sistemas de saúde, nos sistemas sociais, o que falhou na coordenação entre saúde e segurança social, o que falhou na ligação nacional, regional e local. O que foi lento na resposta das instituições. Aquilo que chegou, mas chegou tarde não pode voltar a chegar tarde (…) Temos de aprender com as lições do que correu bem mas também com o correu mal”, adiantou.
“Temos de criar permanentemente uma mobilização popular por estas causas que são de todos. Não há democracias com unicidades (…). A democracia exige alternativas, mas é muito importante falar claro aos nossos concidadãos, falar claro e a tempo aos nossos concidadãos, explicar as dificuldades, os sucessos e os erros, os avanços e recuos que eles compreendem porque também os têm nas suas vidas. Nas suas famílias, nas suas escolas, nos seus lares, nas suas empresas. Existem em toda a parte”, reforçou o Chefe de Estado.
Para essa “mobilização popular” Marcelo Rebelo de Sousa apelou a discursos “positivos” e não “demagógicos”.
“Ninguém se bate por uma causa que não seja mobilizadora. Ninguém se bate por uma mera afirmação negativa. Os povos batem-se por objetivos, por ideais, sabendo que são difíceis, sabendo que não são atingíveis de imediato, sabendo que vão sofrer meses, na pandemia e anos na economia e na sociedade mas oferendo caminhos, para promover o emprego ou estabilizar o emprego num período de transição para o arranque económico”, afirmou.
“Explicando o que faz para estimular empresas para que possam sobreviver até a um maior arranque económico, criando um espírito de estabilidade mas, ao mesmo tempo, de motivação mas não demagógica, não prometendo mais do que aquilo que se pode prometer, não pensando em eleições porque as pandemias não conhecem ciclos eleitorais”, observou.
No final do discurso, de quase meia hora, disse que o fórum que está a decorrer na Galiza “acredita na pessoa humana e alertou: “Temos oportunidade única, dramática mas única para mostramos como o nosso compromisso é com as pessoas”.