O adversário de André Ventura nas eleições diretas para a presidência do Chega, que decorreram a 06 de novembro, acusou-o esta quinta-feira de “convicções ditatoriais e fascistas”, considerando que, depois do IV Congresso, o líder tornou-se um “Chefe Supremo”.
“Quando o Chega foi fundado não era para ser um partido ditatorial, não era para ser um partido de um homem único e muito menos um partido fascista. O IV Congresso veio evidenciar e afirmar as convicções ditatoriais e fascistas do Chefe Supremo do Chega, André Ventura”, lê-se num comunicado do portimonense Carlos Natal.
O adversário de André Ventura – que, nas eleições diretas de 06 de novembro, obteve 5,22% dos votos, contra 94,75% para o atual presidente — qualifica o líder de “Chefe Supremo” porque considera que, se “há muito” tinha a “ideia muito convicta de que quem decidia tudo no partido era o André Ventura, depois do IV Congresso a ideia passou a certeza”.
Segundo Carlos Natal, “se antes do Congresso, o André Ventura era o Chega e o Chega o André Ventura, depois do IV Congresso o André Ventura fica acima do Chega”, em referência ao facto de o líder passar agora a poder dissolver os órgãos do partido e a escolher os candidatos a qualquer ato eleitoral.
“O Chefe Supremo decide tudo, destitui tudo o que quiser, desrespeita os estatutos do partido, não respeita a Constituição Portuguesa, não respeita os Órgãos Soberanos da República, como é o caso do Tribunal Constitucional, e aos militantes deixa o direito de pagar quotas e venerar o Chefe Supremo”, frisa.
Carlos Natal frisa assim que, “como militante fundador do Chega”, se sente “revoltado pelo caminho seguido pelo partido, totalmente contrário aos motivos e fundamentos da sua criação”, e afirma que não se deslocou ao IV Congresso, que decorreu entre sexta-feira e domingo em Viseu, porque não quis “participar numa farsa desrespeitadora de todos aqueles que não concordam com o caminho seguido”.
O ex-adversário de André Ventura diz ser “oposição a este caminho e a este líder” e opõe-se à ideia de que “quem não concorda com o caminho delineado, deve sair”, contrapondo que, “quem agora entrou e defende as convicções autoritárias e fascistas do Chefe Supremo, é que deve sair e constituir um novo partido”.
“Espero, pelo facto de ser oposição, por um processo de suspensão ou expulsão. Porque ser oposição no partido Chega é mais grave que faltas de respeito democráticas. Continuarei aqui. Serei e continuarei a ser oposição”, frisa o algarvio Carlos Natal.