O BE vai apresentar no parlamento um pacote com medidas específicas para o setor da saúde no Algarve, que passam pela fixação e formação de profissionais no centro hospitalar universitário da região, anunciou hoje a líder do partido.
“É um pacote para fixar profissionais, com condições financeiras para garantir as despesas de deslocação e habitação para que os profissionais cá possam ficar, e com um processo para a certificação do centro hospitalar para garantir que a formação dos médicos pode ser toda feita no Serviço Nacional de Saúde e no Algarve”, disse Catarina Martins, à margem de uma visita a Olhão.
Na opinião da dirigente do Bloco de Esquerda, o Algarve está entre as regiões do país que necessitam de medidas específicas no setor, já que “é um exemplo da destruição do Serviço Nacional de Saúde [SNS], com prejuízos para a população”.
A líder bloquista enumerou o fecho de serviços de urgência, a falta de profissionais nos cuidados hospitalares e primários, a falta de médicos de família ou os tempos de espera para consultas acima do que está regulamentado como alguns dos problemas que se acentuaram no distrito de Faro (o único da região) “devido à falta de investimento”.
O partido considera “absolutamente inaceitável” que doentes oncológicos do Algarve que necessitam de tratamentos de radiocirurgia tenham de se deslocar a Sevilha, em Espanha, situação que atribui à falta de investimento no SNS, “deixando-se nas mãos dos privados tratamentos básicos para a população”.
Esses tratamentos são feitos numa clínica pertencente a um grupo ao qual o Centro Hospitalar Universitário do Algarve atribuiu a prestação do serviço através de um concurso público internacional.
“Por isso, o BE decidiu apresentar um pacote específico sobre a saúde no Algarve, porque é de facto um dos setores onde a privatização da saúde foi levada mais longe e onde, por isso, há menos acesso a cuidados de saúde”, avançou.
Catarina Martins adiantou que o valor global previsto do pacote de medidas do BE “está ainda a ser avaliado”, mas, destacou que “o que é preciso, no mínimo, é que a Saúde chegue ao mesmo nível dos outros ministérios no acréscimo da massa salarial para depois ser possível ter medidas de incentivo”.