O presidente eleito da Câmara de Vila Real de Santo António, Álvaro Araújo, disse esta segunda-feira à Lusa que espera estabelecer um entendimento com a CDU para garantir a maioria naquela autarquia do distrito de Faro.
Nas eleições autárquicas de domingo, a vitória do PS no município pôs termo a 16 anos de gestão do PSD, mas o partido obteve o mesmo número de eleitos que a formação social-democrata (três), e o único vereador da CDU, Álvaro Leal, poderá ter um papel no estabelecimento de maiorias ao longo do próximo mandato.
Em declarações à Lusa, Álvaro Araújo disse estar “convencido” de que, com o eleito da CDU na Câmara e os representantes da CDU na Assembleia Municipal e nas assembleias de freguesia “vai ser possível trabalhar em conjunto”.
O presidente eleito espera poder estabelecer “linhas de entendimento” comuns que permitam “ter o vereador Álvaro Leal no executivo, a tempo inteiro, a trabalhar em prol de Vila Real de Santo António”.
“Fica aqui a disponibilidade do PS para estes entendimentos e estou completamente convencido de que vai ser possível fazer esse entendimento com a CDU”, considerou, sublinhando que os resultados obtidos pelo PS mostraram a vontade de “mudança”.
Nas eleições de domingo, o PS obteve em Vila Real de Santo António uma votação de 37,12% (3.477 votos), contra 32,47% do PSD (3.041 votos)e 11,72% da CDU (1.098 votos).
Na opinião de Álvaro Araújo, as pessoas mostraram estar “fartas de quem, nos últimos anos, geriu o município”, optando por dar um “voto de confiança” a uma “alternativa que acham que é a mais apropriada e mais credível”.
“O povo o que fez foi dizer basta, que quer outras pessoas a tomar as rédeas do município. Sentimo-nos todos muito orgulhosos por isso, mas com muita humildade, porque temos de assumir que o que vem agora nos próximos tempos é muito difícil”, afirmou, referindo-se à situação financeira do município, um dos mais endividados do país.
Álvaro Araújo argumentou que o “povo sentiu na pele a gestão financeira caótica que foi feita nos últimos 16 anos” pelo PSD, primeiro com Luís Gomes, entre 2005 e 2017, e depois Conceição Cabrita, entre 2017 e 2021, até renunciar ao mandato em abril após ser detida por suspeitas de corrupção e ser substituída no cargo por Luís Romão, que não se recandidatou.
“[Os munícipes] Sentem na pele quando pagam a água, quando pagam o IMI [Imposto Municipal sobre Imóveis], quando veem as ruas todas abandonadas, quando vão ao complexo desportivo e o veem completamente abandonado, quando vão ao parque de campismo – que é a galinha dos ovos de ouro de Vila Real de Santo António e temos de olhar para ele como uma fonte de rendimento fundamental para o funcionamento do município –, e o veem completamente degradado”, exemplificou.
O presidente eleito para liderar a autarquia algarvia agradeceu, por isso, o “voto numa alternativa credível” e sublinhou que a escolha da sua equipa foi feita “sem olhar a partidos” e “mais pela sua competência e provas dadas” do que pelos “votos que valiam”.
“Consegui fazê-lo e a população sentiu que, tanto no programa como na equipa, podia confiar em nós. Agora, o trabalho que temos de fazer é muito difícil, mas temos ganas de avançar”, garantiu, antecipando que uma das primeiras coisas a fazer será pedir uma auditoria às contas do município.
Álvaro Araújo referiu que é preciso que o município se “sente à mesa” com o Fundo de Apoio Municipal (FAM) e converse “seriamente”, já que “impedimentos” em vigor e o facto de haver “taxas máximas em tudo não pode continuar”.
A Câmara de Vila Real de Santo António foi uma das duas do distrito de Faro que o PS tomou ao PSD, elevando de 10 para 12 o número de autarquias PS no Algarve.
O PSD manteve três autarquias – Faro, Albufeira e Castro Marim – e a CDU segurou a Câmara de Silves, a única liderada por esta coligação na região.