Eleito pelo PS em 2013 e 2017, Francisco Martins disse à Lusa que se viu “forçado a deixar o cargo de presidente” e, embora continue com problemas de saúde, já estão “muito melhor”, tendo, por isso, decidido apresentar uma candidatura independente contra o seu sucessor na autarquia, Luís Encarnação, que vai liderar a lista do PS ao município.
“Sempre tive muito carinho dos lagoenses, com desejos de recuperação rápida e pedidos para voltar, e chegou uma altura na minha vida a nível de saúde em que as coisas melhoraram – ainda tenho problemas, mas já estão muito melhor – e entendi que me deveria disponibilizar aos lagoenses para continuar aquilo que me tinha comprometido com eles e também submeter-me ao seu julgamento e apreciação. E, sem medos e receios, aqui estou”, afirmou o candidato.
No dia da apresentação oficial da sua candidatura, Francisco Martins disse ter uma “dívida de gratidão com os lagoenses” e considerou que o rumo traçado no município após a sua saída “não corresponde à maneira de estar e ser que Lagoa necessita”, levando-o a apresentar uma candidatura independente.
Francisco Martins, que foi adjunto da secretária de Estado da Saúde Jamila Madeira no atual Governo, já não está filiado no PS.
“Desde a primeira hora temos vindo a aumentar o número de pessoas a aderir, agora vamos iniciar os processos burocráticos, é um processo mais trabalhoso do que nos partidos, mas muito mais bonito”, afirmou, assegurando que o “objetivo é ganhar” as eleições autárquicas.
Segundo Francisco Martins, a sua lista contará com pessoas que “nunca estiveram na política”, mas com participação nas associações ou clubes locais.
O candidato garantiu ainda que entra na luta “para vencer”, considerando que a forma como tem sido contestado pelo seu adversário do PS e sucessor na autarquia “reforça essa ideia”.
“Não se ataca os fracos, ataca-se aqueles que nos podem oferecer algum perigo. Para além da ideia de que, de facto, estamos bem posicionados para alcançar a vitória, também temos este conforto, dado pelo nosso adversário mais direto, de que o foco da sua preocupação somos nós. Estamos nesse caminho e vamos alcançar essa vitória”, sustentou.
Questionado sobre quais os aspetos em que não se revê na atual gestão camarária socialista, Francisco Martins respondeu que sempre se regeu “por princípios” e, quando tomou posse como presidente em 2013, “após 28 anos [com a autarquia] nas mãos do PSD”, muitos acharam que ia “fazer sangue”, mas essa não foi a sua opção.
“Infelizmente, agora, o que se vê é ‘quem não está comigo é castigado’. Isto é um clima de perseguição e coação que eu nunca vi em Lagoa, com o qual não me revejo e não é isso que pretendo, ambiciono e espero de quem nos governa, porque sempre defendi que temos de ser livres e cada um deve escolher o seu caminho, tomar as suas opções e ser respeitado por isso”, argumentou.
Por isso, Francisco Martins espera agora poder recuperar a presidência do município do distrito de Faro e antecipou uma “reanálise” de todos os projetos municipais caso vença as eleições, na sequência do “grande impacto” que a pandemia de covid-19 provocou junto da população e da economia.
Com 54 anos e enfermeiro de profissão, Francisco Martins foi presidente da Câmara de Lagoa entre 2013 e 2018 e passou depois pelo Governo entre 2019 e 2020.
Antes, exerceu as funções de enfermeiro coordenador da unidade de Cuidados Continuados da Santa Casa da Misericórdia de Estômbar e no concelho de Lagoa durante cerca de 20 anos, tendo também integrado vários órgãos do poder local e sido presidente da Junta de Freguesia de Lagoa entre 2009 e 2013.
A Câmara de Lagoa tem maioria PS, partido que obteve cerca de 60% dos votos nas últimas eleições autárquicas e que conta com cinco dos sete eleitos,.
O PSD é a principal força da oposição, tendo em 2017 alcançado 23% dos votos, o que se traduziu na atribuição de dois mandatos.
O BE foi o terceiro partido mais votado, com perto de 5%, seguido da CDU, com cerca de 4%.
Além das candidaturas de Francisco Martins e de Luís Encarnação, pelo PS, já foram anunciados como candidato à Câmara de Lagoa Victor Carapinha, pela CDU (coligação que junta do PCP e o PEV), e Hernâni Sousa, pelo Chega.
A comissão política nacional do PSD também já homologou o nome de Mário Vieira.
Segundo a lei, as autárquicas decorrem entre setembro e outubro, não tendo ainda sido marcada uma data.