O arqueólogo Marcelo Jerónimo vai candidatar-se à Câmara de Vila Real de Santo António pelo movimento independente “Construir o Futuro”, assumindo que tem “expectativas de disputar a vitória”, disse hoje à Lusa o candidato.
Marcelo Jerónimo, de 33 anos e residente na freguesia de Monte Gordo, contou à agência Lusa que chegou a ser “defensor de uma coligação alargada de partidos e personalidades locais empenhadas numa mudança da gestão do município” e chegou a contactar com um “grupo de reflexão”, mas depois percebeu que esse movimento “era uma forma de juntar apoiantes para uma candidatura de Álvaro Araújo [PS]” e decidiu sair.
“Desde então, defendi, em conjunto com algumas pessoas empenhadas na mudança, a necessidade de criar uma alternativa a Luís Gomes e ‘São’ Cabrita [PSD]. Dessa ideia resultou mais tarde a decisão de avançar com uma candidatura de um grupo de cidadãos. O projeto germinou e hoje cresce, mesmo sem a nossa intervenção”, referiu.
A candidatura é formada por pessoas que “partilham os valores da democracia” e tem por base “a negação de qualquer forma de obediência e, em particular, de obediências partidárias”, assim como o “respeito dos valores democráticos e constitucionais”, proclamou Marcelo Jerónimo.
“Num momento em que os partidos locais são meras ficções sem grande crédito e sendo a candidatura independente alicerçada na vontade de participação de um cada vez maior número de vila-realenses, temos legítimas expectativas de disputar a vitória nas eleições deste ano”, definiu o candidato.
Marcelo Jerónimo lembrou o “momento especial” em que a ex-presidente da Câmara Conceição Cabrita (PSD) renunciou ao cargo, em abril, depois de ser detida por suspeitas de corrupção na venda de um terreno do município.
Para o candidato independente, a renúncia da então presidente da autarquia tratou-se de um “expediente jurídico visando a sua defesa”, por estar “fortemente indiciada” de crimes com “moldura penal de extrema gravidade”.
“O balanço é desastroso e não se limita à dívida” do município, lamentou o candidato do “Construir o Futuro”, que disse não perceber como o antecessor de Conceição Cabrita à frente da autarquia, o também social-democrata Luís Gomes, vai voltar a candidatar-se pelo PSD.
“Depois do estado em que deixou o município, não sei muito bem o que ele virá fazer desta vez. Todos sabemos o que um senhor que gosta de nadar em dinheiro vem fazer num município que deixou na insolvência”, disse Marcelo Jerónimo.
O que Luís Gomes devia fazer era “explicar aos filhos e netos” do concelho por que têm uma Câmara “que pouco ou nada fará nos próximos anos” por estar a “pagar a dívida que este senhor deixou”, acrescentou.
Marcelo Jerónimo criticou ainda as “muitas dificuldades” que os movimentos independentes enfrentaram para dar resposta às exigências de uma legislação autárquica que “favorece claramente as candidaturas partidárias”.
O candidato lamentou que a lei “asfixie as candidaturas independentes”, mas congratulou-se por o grupo ter conseguido avançar com a candidatura e torná-la “reconhecida pelos vila-realenses”.
Marcelo Jerónimo tem já como rivais conhecidos Álvaro Araújo (PS) Álvaro Leal (CDU) e Luís Gomes (PSD), que se apresenta a eleições depois de ter presidido àquele município do distrito de Faro durante 12 anos, entre 2005 e 2017.
Em disputa na Câmara de Vila Real de Santo António – atualmente presidida pelo ex-vice presidente Luís Romão (PSD) -, está a eleição de sete representantes, divididos agora pelo PSD (quatro), PS (dois) e CDU (um).