Ainda a procissão vai no adro e já há ombros a tomarem o peso ao andor um pouco por todas as ‘paróquias’ do Algarve. No que respeita às eleições autárquicas – é dessa procissão que aqui se trata – , as novidades começam a chegar em rosários de promessas.
E o que se pode constatar desde logo é o regresso de alguns ex-autarcas que por vontade própria ou por não terem recebido do partido por onde tiveram sucesso no passado o acolhimento de que se julgavam credores, decidiram avançar com listas próprias em movimentos independentes.
Embora a lei não tenha sido feita para dar facilidades às candidaturas de cidadãos que se apresentem à margem dos partidos tradicionais, a verdade é que, mesmo assim, elas começaram a multiplicar-se como cogumelos em todo o país.
No Algarve, há nomes sonantes de ex-autarcas que estão de regresso para disputar o lugar que um dia já foi deles. Destacam-se alguns pesos pesados como Desidério Silva, para Albufeira, e Francisco Martins, para Lagoa. Importa registar também o nome do antigo presidente da Câmara de Aljezur, Manuel Marreiros, – figura histórica do poder local algarvio – que após um longo percurso em representação da CDU e do PS, está de novo na corrida visando a reconquista da liderança da autarquia.
Falta saber os efeitos que as candidaturas do Chega podem provocar
De resto, esta aspiração de vitória e reconquista é comum a todos eles, apesar de não terem agora à sua disposição a máquina e a força do aparelho partidário que dispuseram no passado. Contam apenas com o peso e o prestígio do seu nome e da obra realizada à frente dos respetivos municípios.
Neste ‘puzzle’ eleitoral, falta saber ainda os efeitos que as candidaturas do Chega podem provocar, sobretudo, no eleitorado tradicional do PSD e as consequências da crise e do desemprego no eleitorado socialista.
Ainda que com estes novos ‘players’, não é de supor alterações profundas no mapa eleitoral do poder autárquico, que no Algarve tem sido repartido maioritária e tradicionalmente pelo PS e o PSD.
À exceção de inesperadas surpresas em Albufeira, Lagoa, Aljezur, Vila do Bispo e Monchique, tudo deverá ficar como dantes. Embora se possa assistir a uma maior pulverização do voto e a um reequilíbrio de forças, não é de excluir, todavia, mudanças de poder em alguns dos concelhos citados.
Outro fenómeno a ter em conta: a conquista pelos pequenos partidos de mandatos para as câmaras ou juntas de freguesia, pode conferir-lhes um papel de força charneira, decisiva para a formação de maiorias com influência na distribuição de lugares e no reequilíbrio dos poderes saídos das próximas eleições. E isso basta para alguma coisa mudar.