E a Europa dos jovens?
Vimos no início deste mês, no dia 13 de setembro de 2023, Ursula Von der Leyen a dirigir aquele que será o seu último discurso sobre o Estado da União (SOTEU), pelo menos neste mandato, que cessa em 2024.
Confesso, que, sendo este o primeiro SOTEU que realmente presto atenção, e ainda mais devido à minha área de estudos, senti que o discurso de Von der Leyen ficou muito aquém das expetativas.
O seu discurso foi a coisa mais bem guardada que alguma vez vi, sem nenhuma fuga de informação, o que normalmente acontece.
Sendo eu um jovem, esta é capaz de ser a questão que mais me importa, principalmente tendo em consideração as frustrações que eu e milhares de jovens por toda a União Europeia sofremos todos os dias.
2021 e 2022 foram celebrados como os Anos Europeus da Juventude. Von der Leyen apresentou propostas e medidas para estimular os jovens e facilitar o seu ingresso no mercado de trabalho e entre elas temos a ALMA – Aim, Learn, Master, Achieve. Que foi um estímulo direcionado aos jovens que apresentavam vulnerabilidades e desvantagens no acesso ao mercado de trabalho.
Estamos em 2023 e, daquilo que foi antecipado para o discurso da Presidente da Comissão Europeia, pouco caiu na realidade.
O discurso proferido pela Presidente da Comissão, não se mostrou inovador nas políticas sociais. Aliás, vagamente as mencionou.
Qualquer pessoa que vá ler as 21 páginas do discurso, encontra apenas duas referências aos jovens. No início, e no fim. Em ambos, Von der Leyen relembra a importância das eleições europeias, assim como a importância de os jovens terem de votar nelas. Referindo que, para muitos, será a primeira vez que vão votar.
Mas o que faltou?
Ursula Von der Leyen não mencionou aquilo que os jovens mais querem ouvir. Políticas de habitação, soluções para a crise inflacionária e recessão que ocorre por toda a Europa, assim como as medidas sociais que promovam o bem-estar e a prosperidade dos jovens europeus. Temos o exemplo dos jovens em Portugal, mas esse é um espelho do que é o cenário por toda a União Europeia. Ainda vemos que os alunos que concorrem ao Erasmus+ são cada vez menos e, aqueles que concorrem, uma percentagem significativa, desiste a meio, por “motivos pessoais” ou “motivos económicos”.
Ouvimos Von der Leyen a falar dos perigos da extrema-direita e dos populismos, da importância de votar e que 8 milhões de nós, jovens, não estuda nem trabalha.
O alerta é fundamental, mas de pouco serve.
Em todo o continente europeu o problema é o mesmo. Falta de estímulos para fazer com que os jovens entrem na vida política ativa. Falta de incentivos e ajudas para conseguirem sair da casa dos pais, ou até mesmo ir estudar.
Basta questionar qualquer jovem europeu sobre estes temas e todos vão dizer o mesmo: “Não fazem nada por nós”.
Por isso, resta-nos perguntar. Onde está a Europa dos jovens? Onde está a Europa para os jovens? Aquela que nos prometeram nos últimos dois anos.
*David Heijselaar, 19 anos, nascido e criado em Lagos, onde viveu até aos 17 anos, idade com a qual foi estudar para Lisboa. O seu interesse sobre a UE surgiu através do programa do EPAS, o qual participou com a sua escola secundária.
Atualmente, encontra-se a frequentar a licenciatura em Estudos Europeus e Relações Internacionais na Universidade Lusófona – Centro Universitário de Lisboa.
Durante a licenciatura já participou em diversas atividades relacionadas com o curso, nomeadamente o EYE2023, o qual lhe permitiu viajar até Estrasburgo e conectar-se com a política europeia.
Interessa-se sobre política nacional e europeia e espera um dia vir a ter uma voz que faça diferença no mundo.
Leia também: SOTEU 23 – Europa quo vadis? O eco dos nossos mais jovens cidadãos [em português e inglês]
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