A Praia dos Alemães, está localizada a oeste da cidade velha de Albufeira. É uma praia ampla com cerca de 500 metros de comprimento, com areia limpa e dourada, apoiada por penhascos baixos de areia arenosos e com perigo de quedas de rocha. Nas traseiras da praia existem vários grandes complexos de apartamentos, vilas residenciais e hotéis para férias. Tem bons acessos à praia, existe um restaurante, áreas concessionadas com espreguiçadeira e de chapéus-de-sol. É uma praia de bandeira azul e vigiada por nadadores-salvadores durante a época balnear.
Fomos ao encontro dos nadadores-salvadores da concessão UB4 do lado nascente desta praia. Encontramos em serviço neste dia, os nadadores-salvadores Jorge Emanuel de 25 anos e Alberto Pereira de 24 anos de idade. Jorge explica-nos que sempre viu a profissão com muito respeito e responsabilidade, tal como, ser bombeiro, policia, médico, professor, isto é, ao serviço público. Diz que, “ser nadador-salvador é muito mais do que algum dia podia pensar que iria ser, prevenir, salvar e acima de tudo receber um obrigado, e isso, para mim não tem preço”. Reforça que é por estes motivos que não se arrepende de ter escolhido a profissão.
Alberto desabafa a razão da escolha desta profissão, dizendo que, “foi porque tirei curso na escola secundaria, cujo nome era Técnico de Segurança e Salvamento em Meio Aquático e deram-nos a oportunidade de sermos nadadores salvadores e eu aceitei esse desafio”.
Alberto tem cinco anos de experiência como nadador-salvador, já trabalhou na Praia dos Pescadores, Praia da Rocha Baixinha, Praia Maria Luísa e praia dos Alemães do lado nascente.
Jorge, com seis anos de nadador-salvador, refere que já trabalhou, “na Praia dos Aveiros, Praia da Oura, Praia dos Pescadores, Praia dos Alemães lado nascente, Praia da Santa Eulália e Praia do Inatel”. Conta com dois anos consecutivos na Praia dos Alemães e diz que se tem desenvolvido um excelente trabalho de prevenção nestes últimos dois anos. Hoje, os perigos da praia estão identificados. Refere que, “os perigos desta praia são os molhes principalmente quando nas marés cheias. Os molhes mais perigosos são o dos pescadores que em seu redor forma-se agueiros nos ventos de sudoeste, e esses agueiros criam fundões que se podem tornar perigosos aos banhistas menos atentos. No lado oeste desta praia temos o molhe, a que chamamos de “navio”, que são duas rochas grandes que saem dentro de água. São fáceis de subir e extremamente perigosas ao saltar. Entre estes forma-se um agueiro muito forte quando está o vento sueste”.
Esta dupla de nadadores-salvadores está sempre atenta à dinâmica dos banhistas junto a estes molhes, principalmente das crianças. Mencionam que têm verificado muita falta de responsabilidade, de bom uso da liberdade e de cidadania dos banhistas. E, sempre que possível, trabalham na prevenção e quando necessário abordam o banhista de forma respeitosa.
Ao perguntarmos ao Alberto qual o episódio que mais o marcou, este responde, ”foi na Praia dos Pescadores, nesse dia, estavam marés vivas. Detectámos um rapaz de nacionalidade inglesa que foi arrastado contra o molhe e andava enrolado nas pedras. Para o conseguir resgatar tivemos que pedir ajuda aos surfistas que andavam ali na praia. Conseguimos resgatar o rapaz mas saiu todo cortado e foi transportado para centro de saude mais próximo”.
O episódio mais marcante do Jorge foi “quando salvei no ano passado a vida de duas pessoas em simultâneo arrastadas pelo agueiro no lado oeste da praia. Usei o cinto de salvamento para resgatar a rapariga que se encontrava em pânico, tentei incutir-lhe confiança durante o salvamento. O pai era a outra pessoa que estava a ser arrastada também pelo agueiro. Já tinha os olhos em lágrimas e vermelhos com o pânico. Quando se acalmaram comecei a dar a volta ao ”navio” levando-os ao sabor da corrente e depois cortando lateralmente onde a corrente fica mais fraca. Saímos na Praia do Forte São João, na concessão da Srª Mónica Isabel. No final, foi muito gratificante poder ver na cara daquela família a felicidade de estarem bem e vivos! Senti orgulho por ter sido eu com a ajuda de Deus e do Mar, esse monstro da Natureza, que devemos sabiamente respeitar”. Jorge diz que se lembra como se fosse hoje, do senhor lhe dizer, ”Sir! I don´t have words or money to pay but you will stay always in my heart. You are not a Baywatch Boy you are a truly hero!”.
Jorge hoje é nadador-salvador coordenador graças aos anos de experiência na profissão. Diz dar o seu melhor contributo à equipa e aos banhistas. Relembra que são nadadores-salvadores porque escolheram ser! E como qualquer outra profissão há maus e bons profissionais. Esta dupla escolheu ser a diferença desta profissão.
Finalizam a entrevista com as seguintes recomendações da praia dos Alemães; “atenção às rochas e aos agueiros que se formam juntos a estas; evitem dar mergulhos nas rochas; sigam as indicações dos nadadores-salvadores e em caso de dúvidas, falem com os nadadores-salvadores”.
Artigo publicado no âmbito da parceria entre o POSTAL e Filipe Lara Ramos ‘Verão com Melão’.
Esta rubrica destina-se a sensibilizar a população e fomentar a segurança nas praias durante a época balnear de 2017.
(NOTA: Os conselhos e indicações expressos neste artigo não dispensam o seguimento pelos leitores das regras gerais de segurança nas praias e das indicações das autoridades competentes em cada zona balnear).