A Praia do Ancão, localizada no concelho de Loulé, situa-se no extremo poente do sistema lagunar da Ria Formosa, na zona limite deste parque natural, no qual existe uma zona húmida com características de sapal a nascente. A praia é conhecida pela sua extensão de areia, cerca de 1,4 quilómetros entre o mar e o pinhal, reservada ao silêncio e ao sossego. Dispõe de vigilância, apoio de praia, parque de estacionamento gratuito, aluguer de toldos e atividades desportivas e, ainda, um restaurante com vista para o mar. A praia do Ancão está inserida no programa Bandeira Azul e no programa Praia Saudável.
O posto dos nadadores-salvadores encontra-se ao fundo da longa passadeira de madeira que atravessa o cordão dunar em direção ao mar, onde estão ao serviço, neste dia, João Algarvio e Rita Almeida.
João, de 22 anos, residente em Quarteira e com quatro anos de experiência de nadador-salvador em praias na época balnear, e em piscinas fora desta, com o seu ar sorridente e focado no mar, explica a razão para a escolha desta profissão: “o facto de poder salvar vidas”. Rita, de 21 anos de idade e três de nadadora-salvadora, natural de Lisboa e designer de profissão, diz com muito orgulho: “Desde criança que sonhava em ser nadadora-salvadora”.
Ambos trabalham na concessão dos 2 Passos, conhecida pelo restaurante com o mesmo nome, recentemente reformulado e com vista para o mar. Referem que é uma praia calma, muito seletiva e, especialmente no mês de Agosto, frequentada por vários “famosos”. Esta concessão tem sido palco de alguns casamentos – este ano já decorreram três.
João e Rita sublinham que, aqui, os banhistas acatam sem problemas as instruções dos nadadores-salvadores. Estes dois nadadores-salvadores trabalham com mais três colegas que compõem o Plano Integrado de Assistência a Banhistas (PIAB) do Ancão. As ocorrências mais comuns nesta praia são, de acordo com João e Rita, as picadas de peixe-aranha e ligeiros cortes provocados pelas conchas. Os nadadores-salvadores fazem regularmente rondas de posto a posto, sempre acompanhados de um meio de salvamento, pés-de-pato e rádio para comunicar com os colegas. Sempre que se encontram grupos de crianças a brincar à beira de água, um dos elementos aproxima-se e mantém-se por perto para prevenir qualquer situação que venha a surgir.
“Apesar das muitas horas ao sol, adoramos o que fazemos”
João e Rita contam que a situação mais preocupante que lhes passou pelas mãos aconteceu já este ano, em julho, quando um senhor entrou em convulsões. “Fomos abordados pela mulher e pelas filhas. Quando chegamos ao local o senhor ainda estava em convulsões. Tentámos acalmar a família, que o rodeava, e telefonamos imediatamente para o 112. Assim que ele retomou a consciência, colocou-se o senhor em posição lateral de segurança. No meio desta aflição apareceu uma senhora que se identificava como médica, informou-nos que o senhor estava a ter um ataque cardíaco e desapareceu como nada se passasse. Continuámos com o nosso trabalho até à chegada da ambulância. Foram extremamente rápidos a chegar. O médico da ambulância informou-nos que o senhor apresentava sintomas de hipoglicemia”. João relembra que “prontamente colocamos em prática o que aprendemos na formação do curso de nadadores-salvadores no módulo de primeiros socorros”.
Rita, observando atentamente os banhistas junto à linha de água, informa que a praia tem uma plataforma flutuante afastada 150 metros da costa, para as pessoas nadarem até lá. “Há dias em que se concentram umas vinte pessoas na plataforma aos saltos e gritos”. Mas em dia de ondulação a preocupação é que as pessoas não a utilizem para não se magoarem”. Rita refere que “Só de vez enquanto é que tenho de nadar até à plataforma para acalmar a euforia”. Diz, ainda, que é uma mais-valia ter aquele equipamento aquático, contudo, “de vez em quando aparecem pais preocupados à procura dos seus filhos e que acabam por descobrir que estão na plataforma juntamente com outros jovens”.
João e Rita fazem questão de sublinhar que adoram o que fazem e adoram a equipa e o local de trabalho, bem como toda a sua envolvência. Aos banhistas, desejam que estes desfrutem da praia e que respeitem as indicações dos nadadores-salvadores.
Artigo publicado no âmbito da parceria entre o POSTAL e Filipe Lara Ramos ‘Verão com Melão’.
Esta rubrica destina-se a sensibilizar a população e fomentar a segurança nas praias durante a época balnear de 2017.
(NOTA: Os conselhos e indicações expressos neste artigo não dispensam o seguimento pelos leitores das regras gerais de segurança nas praias e das indicações das autoridades competentes em cada zona balnear).