Desta vez, fui visitar os meus colegas às Piscinas Municipais de Faro, num ambiente totalmente diferente do vivido nas praias. Trata-se de um complexo desportivo direccionado para a prática desportiva da natação e outras actividades aquáticas, tanto na área do lazer como da competição. Este complexo apresenta duas áreas de utilização, uma interior e outra exterior. Durante o Verão, as piscinas interiores estão encerradas e só estão, portanto, abertas as exteriores. A inauguração das piscinas exteriores teve lugar a 28 de Julho de 1993 e, sete anos depois, a 7 de Outubro de 2000, abriam ao público as piscinas interiores. De acordo com a Câmara Municipal de Faro, este complexo constitui “um suporte para a ocupação sadia dos tempos livres da população, para o desenvolvimento da aprendizagem e para a dinamização desportiva”.
As piscinas ficam situadas junto à pista de atletismo de Faro e ao campo de futebol da Penha. O complexo está, igualmente, equipado com ginásio, sauna, banho turco e jacuzzi e tem vigilância por nadadores-salvadores durante todo o ano. O acesso às piscinas exteriores é possível, de 1 de Julho a 31 de Agosto, de terça-feira a sábado, das 14h00 às 19h30, e domingos, das 10h00 às 18h00 (encerram às segundas e feriados). As piscinas interiores podem ser utilizadas de segunda a sexta-feira das 7h00 às 21h00, sábados, das 8h00 às 20h00 e domingos, das 8h00 às 14h00, encontrando-se encerradas, entre 1 de Julho e 15 Setembro, aos domingos à tarde e feriados.
Os utentes podem utilizar as piscinas de forma livre ou inscrevendo-se em aulas de natação ou aulas especializadas de grupo. Podem, também, usufruir dos projectos organizados pelas escolas de natação e pelos próprios professores do complexo.
As piscinas exteriores são compostas por três planos de água: um plano com 50 metros de comprimento, outro de recriação e lazer e outro, ainda, menos profundo, que dispõe com um escorrega para crianças. Estas estão sob o olhar atento de quatro nadadores-salvadores que vigiam as piscinas exteriores durante o verão.
A vigiar a piscina de 50 metros, fomos encontrar o nadador-salvador Carlos Faria, de 26 anos, natural de Olhão. Este conta-nos que escolheu esta profissão, já lá vão seis anos, por recomendação de amigos e que agora o gosto por ela se enraizou. Carlos tem experiência como nadador-salvador tanto em praias como em piscinas. Conhece muito bem as praias do barlavento algarvio desde da Fuzeta a Vale do Lobo. Diz que o seu posto favorito é a Ilha da Armona.
Em poucos minutos apercebemo-nos de quanto é complicado lidar com pessoas de todas as faixas etárias, classes e géneros confinadas num espaço.
Isto confirmou-se através das várias interrupções, ao longo da entrevista, para que Carlos, no exercício da sua função, garantisse o bom funcionamento e respeito pelo regulamento de utilização das piscinas. Neste tipo de local de trabalho, o nadador-salvador tem de criar empatia com as pessoas para que estas o respeitem e sigam as suas instruções. Entre apitos, gritos e corridas no recinto, as regras vão funcionado da melhor maneira.
Sempre atento, de olhos postos no plano de água, e preparado para, prontamente, actuar, Carlos Faria afirma que este trabalho “passa muito por fazer permanecer as regras da piscina e por realizar pequenos tratamentos de feridas e cortes. Já surgiram alguns banhistas que tiveram quebras de tensão mas, felizmente, ainda não presenciei nada de muito grave. Talvez seja por nós trabalharmos numa constante prevenção”. Carlos aproveita a entrevista para apelar aos utentes das piscinas para que tenham mais compreensão pelo trabalho que ali é realizado pelos nadadores-salvadores, uma vez que eles estão ali para fazer cumprir as ordens da coordenação daquele complexo de piscinas, zelando pelo bem-estar de todos os que o frequentam.
Ao perguntarmos qual foi o episódio que mais o marcou nestas piscinas, ele recorda-se imediatamente de um caso que aconteceu, ainda este ano: “uma vez alertei um utente para uma das regras das piscinas – não é permitido estar de chinelos no cais da piscina. O senhor acatou as instruções e, educadamente, pediu desculpas. Quando voltei para o meu posto dirigiu-se a mim e questionou-me o porquê dessa instrução. Fi-lo ver que eram as regras do bom funcionamento das piscinas e que estava no regulamento. Entre conversas, insultos e empurrões tudo acabou com uma agressão na face e no peito à minha pessoa. Fui parar ao hospital e à esquadra da polícia para apresentar uma queixa formal”. Termina este episódio dizendo, “ tudo isto só porque o alertei que não podia estar ali de chinelos”.
Tirando pequenos incidentes como este, Carlos diz que adora trabalhar nas piscinas porque tem mais contacto com as pessoas e deixa alguns conselhos para uma boa utilização destes espaços públicos, tais como: “Não dê mergulhos de cabeça mesmo que conheça a profundidade; respeite as indicações dos nadadores-salvadores; vigie as suas crianças porque os nadadores-salvadores não são um substituto de supervisão, mantendo a distância de um braço; se não souber nadar, não arrisque ir sozinho para a parte mais funda da piscina; não entre na água sob o efeito de drogas ou álcool; não corra no cais da piscina”.
Carlos agradece-nos e despede-se com o seu ar sorridente e continua a sua missão diária de manter as boas práticas neste espaço aquático.
Artigo publicado no âmbito da parceria entre o POSTAL e Filipe Lara Ramos ‘Verão com Melão’.
Esta rubrica destina-se a sensibilizar a população e fomentar a segurança nas praias durante a época balnear de 2017.
(NOTA: Os conselhos e indicações expressos neste artigo não dispensam o seguimento pelos leitores das regras gerais de segurança nas praias e das indicações das autoridades competentes em cada zona balnear).