Hoje vamos falar da figura do nadador-salvador pela qual, no meu entendimento, todos devemos ter admiração e respeito mas que, muitas vezes, é mal interpretada. De olhos postos no mar e em terra – uma vez que grande parte dos incidentes ocorrem fora de água – os nadadores-salvadores garantem a segurança e bem-estar dos banhistas, pelo que é uma profissão de extrema importância e responsabilidade. São uma espécie de guardiões da praia e todos confiam neles para resolver qualquer situação, mas uma pequena distracção pode pôr em risco uma vida e, ao mínimo descuido, passam de heróis a vilões. Estão sempre na fronteira entre bem falado e o mal-amado.
Na formação de nadadores-salvadores aprendemos que, um bom nadador-salvador não é aquele que faz mais salvamentos mas sim aquele que nunca fez um salvamento. Na nossa leitura, isto diz-nos que o profissional trabalhou na prevenção, fazendo as suas rondas diárias, porque quem previne diminui a probabilidade de ocorrências. E trabalho em equipa neste caso, é fundamental para uma intervenção de sucesso.
Estes responsáveis pela segurança aquática, passam muitas horas expostas ao sol, ao calor, ao vento e, em alguns casos, à chuva e ao frio, tornando a profissão ainda mais difícil de executar. A maioria dos seus locais de trabalho é guarnecida por uma sombra e por cadeiras junto dos postos de praia. Socorrem picadas e desmaios, auxiliam pessoas com mobilidade reduzida, procuram pessoas perdidas, trabalham com as autoridades marítimas e concessionários, correm atrás de cães para os expulsar da praia e, ainda, são desrespeitados pelos banhistas menos cumpridores. Terminam o dia exaustos mas vão para casa com a alma cheia.
Os nadadores-salvadores identificam-se pelos seus uniformes específicos e de cores vivas para que possam ser rápida e facilmente avistados, por vezes em praias cheias pelos banhistas. O equipamento que os acompanha sempre inclui um apito, um meio de salvamento e pés de pato (barbatanas). Existem outros artigos homologados que constituem parte deste equipamento como, por exemplo, camisola amarela de aquecimento, fato de treino, óculos de protecção, entre outros.
Segundo a legislação em vigor, “nadador-salvador profissional é a pessoa singular habilitada com o curso de NS certificado ou reconhecido pelo ISN, a quem compete, para além dos conteúdos técnicos profissionais específicos, informar, prevenir, socorrer e prestar suporte básico de vida em qualquer circunstância nas praias de banhos, em áreas concessionadas, em piscinas e outros locais onde ocorram práticas aquáticas com obrigatoriedade de vigilância”. A profissão exige uma conduta digna ao exercício da actividade através de um desempenho competente e profissional. Actualmente, este perfil do nadador-salvador não se enquadra com as exigências exigidas pela legislação em vigor.
Sendo uma actividade sazonal, o recrutamento de pessoas para a profissão torna-se difícil, atraindo, em muitos casos, jovens estudantes que apenas querem “juntar alguns trocos” nas suas férias de verão, uns para pagar os cursos e outros para financiar a diversão. Ainda não é vista como uma profissão de futuro. Contrariamente a este pensamento, surgem a Federação e associações de nadadores-salvadores que lutam para que esta profissão seja praticada nas praias, em piscinas e em hotéis, ao longo de todo o ano. Só assim se conseguirá mudar o estereótipo do nadador salvador. Recentemente, foram criadas categorias de progressão de carreira, organizando-se por nadador-salvador profissional, nadador-salvador coordenador e nadador-salvador formador.
As aparências iludem…
Todos gostaríamos de trabalhar sentados a olhar para o mar, mas nem todos temos perfil para vestir o papel de nadador-salvador. Para se submeter a esta profissão, o interessado está sujeito à frequência do curso que passa por 150 horas de formação teórica e prática. Para frequentar o curso, o candidato será terá de realizar um exame de admissão e um exame final. No exame de admissão ao curso, o candidato tem de classificar-se como apto em todas as provas: nadar 100 metros livres em menos de 1 minuto e 50 segundos, aguentar em apneia mais de 20 segundos, nadar 25 metros em decúbito dorsal utilizando só as pernas, recolher dois objectos a uma profundidade mínima de 2 metros e percorrer a correr uma distância de 2400 metros sem ultrapassar os 14 minutos. Para mais informações, os interessados deverão contactar as associações de nadadores-salvadores locais.
O que mais aconselho é um “Verão com Melão” com consideração!
(NOTA: Os conselhos e indicações expressos neste artigo não dispensam o cumprimento pelos leitores das regras gerais de segurança nas praias e as indicações das autoridades competentes em cada zona balnear)