Este tipo de ocorrência acontece mais frequentemente do que seria desejado. A praia é um local propício a este tipo de situação, devido à presença de um grande número de pessoas e guarda-sóis que, no seu conjunto, compõem um cenário de cores e padrões muito idêntico, numa vasta extensão de areia. Se mesmo nós, adultos, quando regressamos de uma ida ao mar, temos, por vezes, dificuldade em encontrar o nosso lugar, imagine uma criança, cujo nível de visão é muito menor e muito rasteiro.
Perder uma criança é motivo de desespero para qualquer prestador de cuidados. As crianças, quando se sentem perdidas ou desorientadas, não sabem o que fazer, entram em pânico e choram. Isto pode acontecer num piscar de olhos. Logo que dê pela falta da criança que tem a seu cuidado, comunique-o ao nadador-salvador mais próximo e dê-lhe os dados da criança. Este irá emitir um alerta via rádio/telefone para todos os postos de praia adjacentes e agentes da Autoridade Marítima informando da situação, para que estes iniciem a procura pela criança desaparecida, no mar e na praia.
Se for o caso de encontrar uma criança perdida, leve-a até ao nadador-salvador mais próximo. Entretanto, procure acalmá-la e tranquilizá-la, transmitindo segurança. Deverá, igualmente, e de forma informal, perguntar-lhe o nome e tentar obter o maior número de informações possível a seu respeito, nomeadamente, o nome dos pais, quem a acompanha na praia e, se possível, um número de telefone de contacto que ela saiba de cor, para depois passá-las ao nadador-salvador. Evite andar pela praia com a criança procurando os pais, já que este comportamento aumenta as probabilidades de desencontro.
Na maioria dos casos, as crianças caminham de costas para o sol, para evitarem o encandeamento. Com base neste pressuposto, os meios de busca devem ser orientados neste sentido, embora nunca se deva descurar a procura em sentido oposto e com especial incidência junto à água.
Recomenda-se, então, aos leitores responsáveis por crianças na praia, que identifiquem as crianças com pulseiras com o respetivo nome e telefone. Este procedimento facilita bastante o trabalho de quem as procura. Numa futura crónica irei falar sobre o Programa “Estou Aqui”, da PSP. À chegada à praia, mostre à criança um ponto de referência e de fácil identificação, se possível o mastro de sinais onde está a bandeira que identifica o estado do mar (verde, amarela ou vermelha) e onde se encontram os nadadores-salvadores. Informe as crianças sobre como elas deverão proceder no caso de se sentirem perdidas: dirigir-se ao nadador-salvador. Ele está lá para as ajudar. As pessoas responsáveis por crianças devem revezar-se quando tomam conta destas, para que a atenção não diminua e o processo não se torne monótono e cansativo. Mas, atenção, para não deixar as crianças sob os cuidados de outras crianças, mesmo que mais velhas ou de pessoas que não tenham por hábito cuidar de crianças, pois a falta de costume com esta responsabilidade pode, mais facilmente, causar o “deslize” nos cuidados.
Todos os procedimentos apresentados nesta crónica não se aplicam apenas ao desaparecimento de crianças mas, também, de idosos ou, mesmo, de pessoas que se encontrem desorientadas ou perdidas por qualquer outra razão.
Não se esqueça que as crianças não se perdem; os responsáveis é que perdem as crianças…
É necessário olhar com alguma reserva para as descrições dadas por quem procura alguém. Casos há em que informações erradas levaram o nadador-salvador a procurar, durante horas, alguém cujas características se revelam, no final, nada idênticas à descrição feita. Como, por exemplo, pais que informam o nadador-salvador do desaparecimento de uma criança quando, posteriormente, se descobre que se trata de um jovem de 18 anos. Aos olhos dos pais os seus filhos serão sempre eternas crianças.
Atualmente, o Brasil está a adotar uma iniciativa oriunda do Uruguai para crianças perdidas que funciona do seguinte modo: Quando alguém encontra uma criança perdida, a pessoa coloca a criança aos ombros e começa a bater palmas. Os banhistas na sua proximidade ajudam, então, na busca pelo responsável pela criança, batendo também as palmas e gerando, assim, uma “onda” que poderá ser ouvida em qualquer lugar da praia. Se o prestador de cuidados seguir as palmas vai encontrar a sua criança.
Eu, pessoalmente, ainda acredito que a melhor forma de reunir uma criança perdida com o seu prestador de cuidados é comunicando com o nadador-salvador, para que este dê marcha ao procedimento de procura.
O que mais aconselho é um “Verão com Melão” com crianças na mão!
Artigo publicado no âmbito da parceria entre o POSTAL e Filipe Lara Ramos ‘Verão com Melão’.
Esta rubrica destina-se a sensibilizar a população e fomentar a segurança nas praias durante a época balnear de 2017.
(NOTA: Os conselhos e indicações expressos neste artigo não dispensam o cumprimento pelos leitores das regras gerais de segurança nas praias e as indicações das autoridades competentes em cada zona balnear).