Quem conhece o mar sabe que existem perigos por baixo do vasto manto de água que é o oceano e, como tal, não são visíveis. São muitos os que já experienciaram situações de aflição; uns aprenderam com o erro, outros não.
Os banhistas deverão saber ler e ter um conhecimento mínimo acerca do estado do mar, de modo a serem capazes de avaliar as condições relacionadas com o ambiente em que se encontram (o tempo e o estado do mar). Deverá ser dada especial atenção ao tipo de ondas, ao gradiente de praia, buracos ou fundões, marés e, principalmente, aos tipos de correntes.
Ao entrar pela praia, as ondas dissipam-se em energia. Essa energia é transferida, daí resultado a formação de correntes costeiras. As correntes podem ser longitudinais ou transversais à costa. As correntes mais fortes podem transportar sedimentos, formando colunas de água que modificam o relevo da praia. Por esta razão, as correntes representam um grande fator de risco nas praias. Dos vários tipos de correntes destacam-se os chamados agueiros, ou rip current, sendo estas as que mais preocupam os nadadores-salvadores. Nesta crónica esclarecemos o leitor sobre o que fazer no caso de ser apanhado por um agueiro.
Os agueiros são correntes que formam canais estreitos, perpendiculares à terra e extremamente poderosos, movendo grandes quantidades de água a uma velocidade que pode atingir os 2 metros por segundo (mais rápidas que um nadador olímpico). Assim que entram pelo mar, contudo, vão perdendo a sua força. Um banhista em pânico que seja apanhado nesta corrente e tente nadar contra ela, em direção à costa, está a colocar-se em perigo, correndo o risco de afogamento por fadiga. Os nadadores-salvadores ao longo do país retiram, anualmente, milhares de banhistas nesta situação.
Caso entre nesta corrente não lute, não entre em pânico e nade paralelamente à praia
São correntes extremamente perigosas para todos os banhistas mas, especialmente, no caso de crianças, idosos ou pessoas que não sabem nadar, mesmo que se encontrem a brincar ou a banhar-se com água pela cintura. Se ocorrer um agueiro, qualquer um pode ser apanhado e arrastado para zonas mais profundas, tendo isto um final, muitas vezes, trágico.
Quando estamos diante desta corrente, podemos observar a água mais escura, geralmente acastanhada, devido ao arrastamento da areia do fundo para além da zona de arrebentação; ondas mais pequenas a quebrar; espuma à superfície da água, que se estende para além da rebentação; um tremer localizado da água, rodeado por água lisa; deslocamento de materiais, algas e destroços flutuantes e ondas maiores nos dois lados desta corrente.
A forma de sair de um agueiro é, em primeiro lugar, não entrar em pânico e manter a calma, para evitar o gasto de energia. Em vez de nadar contra a corrente, devemos aproveitar o seu sentido, afastando-nos gradual e lateralmente desta até deixarmos de sentir o seu efeito. A partir daqui podemos, então, nadar para terra ou, mesmo, ir a pé, já que no lados dos agueiros se formam bancos de areia.
Se não for capaz de sair, vire-se para terra, acene com os braços e grite por ajuda. Não hesite em pedir ajuda assim que se aperceber que entrou num agueiro ou se vir alguém nesta situação. Seja muito cauteloso, especialmente quando frequentar praias não vigiadas e, em caso de dúvida, não tome banho na praia.
O que mais aconselho é um “Verão com Melão” com natação!
Artigo publicado no âmbito da parceria entre o POSTAL e Filipe Lara Ramos ‘Verão com Melão’.
Esta rubrica destina-se a sensibilizar a população e fomentar a segurança nas praias durante a época balnear de 2017.
(NOTA: Os conselhos e indicações expressos neste artigo não dispensam o cumprimento pelos leitores das regras gerais de segurança nas praias e as indicações das autoridades competentes em cada zona balnear).