Com a globalização, o capital deixou de ter pátria, passou a deslocar-se para onde mais facilmente se pudesse multiplicar, nomeadamente para um extremo oriente, região rica em mão-de-obra barata.
Como consequência, no caso dos EUA, fábricas começaram a fechar e outras deixaram de abrir, enquanto, paralelamente, uma minoria beneficiária dessa globalização ficava mais rica e toda uma maioria vítima dela se tornava mais pobre.
Entretanto, o que deixava de fabricar, os EUA começavam, agora, a importar, como duma China, que lhe roubava estatuto económico, restando-lhe, para fazer face à sua dívida crescente, a impressão sucessiva de dólares, mas dólares cujos credores passavam, cada vez mais, a olhar com desconfiança, dado não terem por detrás verdadeira criação de riqueza.
Haverá todo um país interior, religioso, acreditando que Deus terá protegido Trump do atentado contra ele perpetrado para que o país viesse a salvar
Marcas profundas, pois, em todo um tecido económico e social, de que os americanos têm tido dificuldade em libertar-se, recuperando, em particular, todo um poder de compra de que outrora beneficiavam, vendo, ainda por cima, os seus impostos serem aplicados, não em favor deles, no domínio duma saúde ou educação, mas em gastos com armamento para alimentar guerras em que os EUA, depois do fracasso no Afeganistão, se tornaram a envolver.
Depois, não existirá nos EUA, apenas, o cosmopolitismo dumas costa leste e oeste, dumas Nova Iorque ou S. Francisco, haverá, igualmente, todo um país interior, religioso, acreditando que Deus terá protegido Trump do atentado contra ele perpetrado para que o país viesse a salvar, um interior conservador, olhando com desconfiança «modas» como um «wokismo».
Ora, Trump, ainda que «bronco» para muitos dos seus detratores, terá, contudo, sabido observar esta realidade e explorá-la, como já o fizera quando da sua primeira eleição para a Casa Branca, adotando, para o efeito, uma linguagem e conduta adequadas às circunstâncias, tipo «Vamos fazer os EUA, novamente, grande» e «Vamos curar o país!», mostrando-se a conduzir camiões de lixo e a servir hambúrgueres, enquanto a sua mais direta adversária, Kamala, que, para além de não ter passado por primárias no seio do seu partido, ao contrário de Trump, que as disputara com outros e as ganhara, pouco mais se terá limitado do que a distribuir pelo eleitorado «gargalhadas Colgate», passe a publicidade.
E assim, com receita antiga, Trump terá ganho mais uma nova corrida à Casa Branca.
Nota marginal:
1 – Despejo, ainda por cima, «sem dó, nem piedade» de inquilinos de habitações municipais que tenham participado nos distúrbios ocorridos na Área Metropolitana de Lisboa, defende, como um leão, o Leão socialista presidente da Câmara Municipal de Loures (só não se sabendo se, igualmente, incluindo as respetivas mulheres e filhos, ainda que com os ditos distúrbios nada tenham tido a ver, nos ditos despejos).
Olha se a moda pega e ainda se acaba por ver os «bandidos» que fazem seu o IVA cobrado aos respetivos clientes, assim como o IRS descontado nos salários dos seus trabalhadores, ou seja, dinheiro destinado ao Estado, a deixarem, por tal fato, de poder usufruir de tudo aquilo que com o dinheiro do Estado seja suportado, nomeadamente, proteção policial quanto à ameaça dum, eventual, linchamento popular de que possam vir a ser alvo por se terem abotoado com o que não deviam!
2 -Todos nós, perante um qualquer acontecimento, não deixamos de fazer juízos de valor sobre os mesmos, juízos determinados pelos nossos princípios, por aquilo em que acreditamos, pela nossa cultura, desejando, depois, como consequência deles, que as coisas corram neste ou naquele sentido.
Uma coisa, porém, é o que desejamos, outra a realidade tal como ela se possa apresentar.
Ora, a propósito de guerras que por aí vão, fica-se na dúvida se muitos que as relatam e comentam, confundem, inocentemente, desejos com realidade ou se não passarão, no fundo, de meros propagandistas ao serviço de partes em conflito, ainda que pouco sofisticados, fazendo de quem os lê e ouve simples «mentecaptos».
O pior é se aqueles que por «mentecaptos» têm, não o serão e, cada vez mais, se riem deles!
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