Ser jovem em Portugal, e particularmente no Algarve em 2024, é um desafio constante que, infelizmente, tem levado muitos dos nossos jovens a procurar oportunidades além-fronteiras. Este fenómeno de emigração juvenil não é novo, mas a sua intensificação nos últimos anos levanta sérias questões sobre o futuro do país e da nossa região.
Portugal é um país de contrastes. Por um lado, temos uma qualidade de vida reconhecida internacionalmente, com um clima ameno, paisagens deslumbrantes e uma herança cultural rica. Por outro, enfrentamos desafios económicos e sociais que dificultam o desenvolvimento pessoal e profissional dos jovens. No Algarve, onde o turismo domina a economia, a sazonalidade dos empregos e a falta de oportunidades de carreira estável são problemas gritantes. Muitos jovens são forçados a aceitar trabalhos precários, sem garantias de segurança no emprego ou de progressão na carreira.
Os nossos jovens não emigram porque querem; emigram porque têm de o fazer, em busca de uma vida digna e de oportunidades que simplesmente não encontram aqui
A realidade é que o Algarve, com todas as suas vantagens, oferece poucas perspetivas para os jovens que desejam construir um futuro estável. A elevada taxa de desemprego juvenil, associada à falta de diversidade económica, faz com que muitos vejam na emigração a única solução. Os nossos jovens não emigram porque querem; emigram porque têm de o fazer, em busca de uma vida digna e de oportunidades que simplesmente não encontram aqui.
Há uma perceção crescente de que Portugal, enquanto país, é “forte com os fracos e fraco com os fortes”. Os jovens, que deveriam ser o motor da nossa economia e sociedade, são frequentemente relegados para segundo plano nas políticas públicas. Os salários baixos, a falta de reconhecimento das qualificações, e a precariedade laboral são questões que afetam diretamente a juventude, forçando-a a procurar melhor sorte noutros países.
Mas será que estamos a criar condições para que um jovem possa ser feliz em Portugal? A resposta parece ser cada vez mais negativa. A falta de acesso a habitação a preços acessíveis, a dificuldade em construir uma carreira sólida e a perceção de que as suas vozes não são ouvidas nas decisões políticas são fatores que contribuem para o crescente descontentamento. A frustração aumenta quando se vê que aqueles que deveriam proteger os interesses dos jovens – os governantes, as instituições – muitas vezes falham em proporcionar soluções concretas e eficazes.
É fundamental que Portugal, e o Algarve em particular, repensem as suas estratégias de desenvolvimento juvenil. Precisamos de políticas que incentivem a criação de emprego de qualidade, que promovam a inovação e que garantam aos jovens o acesso a uma educação que realmente os prepare para os desafios do mercado de trabalho global. Além disso, é urgente garantir que os jovens tenham acesso a habitação e serviços que lhes permitam viver dignamente.
Os jovens não são apenas o futuro; são o presente. Se continuarmos a tratá-los como uma prioridade menor, não só perderemos uma geração inteira de talento, como comprometeremos o desenvolvimento do país. Portugal tem de ser forte onde realmente importa: na criação de condições para que os seus jovens possam prosperar aqui, na sua terra, sem terem de partir para encontrar a felicidade.
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