Durante muito tempo, em particular na época do «New Deal», os EUA foram vistos como «a terra das oportunidades», onde deserdados do mundo inteiro afluíam sonhando ver-se um dia com o estatuto de um «Tio Patinhas».
Hoje, em declínio imperial, a lembrar Roma do século V, há já quem lhe dispute a grandeza, não, ao contrário do que se poderia pensar, uma qualquer China, mas este pequeno «jardim à beira-mar plantado» no extremo ocidental da Europa, que até já deu a conhecer novos mundos ao mundo.
Quaisquer deserdados que aqui cheguem, seja do Brasil, Cabo Verde, Paquistão ou Nepal, fora os cá nascidos sem herança alguma, não lhes faltarão oportunidades.
Na verdade, a quaisquer deserdados que aqui cheguem, seja do Brasil, Cabo Verde, Paquistão ou Nepal, fora os cá nascidos sem herança alguma, não lhes faltarão oportunidades para, financeiramente, se verem emancipados, tal a diversidade de instrumentos de que disporão para alcançar tal fim: eles são o Totoloto, a Lotaria Clássica, a Lotaria Popular, o Totobola, o Totobola Extra, a Raspadinha, o Milhão, o Eurodreams, o Euromilhões, o Preço Certo, ainda que este mais destinado a idosos cujas reformas mal lhes dê para pagar a conta na farmácia e o Joker, mais adequado, por sua vez, a tesos intelectuais sem obra, ainda, publicada.
Só faltará, entretanto, num Alentejo transformado deserto por culturas intensivas e regadas a pesticidas nele praticadas, nascer uma lusitana «Las Vegas»!
Aeroporto na região para a servir, contudo, já há, em Beja, ao contrário do previsto, meio século depois de discutido, para Alcochete, se, à última da hora, não for, ainda, transferido para Vendas Novas, a pretexto de que os passageiros, em dias de voos atrasados ou cancelados, sempre disporem para aconchegar o estômago de bifanas!
Notas marginais:
1) As nossas «elites» nunca expressam algo que não devem, nós é que descontextualizamos o por si expressado, assim como nunca se pronunciam sobre um dado caso em concreto, por dever deontológico ou questão de princípio, nós é que ficamos com a impressão errónea de que sobre o concreto caso sempre acabam por se pronunciar.
Como nós, intelectualmente, limitados somos, não as sabendo interpretar!
2) Uma coisa é o PIB, enquanto sinónimo de riqueza criada num país, outra a forma como ela, depois, é dividida. A primeira evoca-se, a segunda faz-se, liberalmente, por esquecer!
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