Quando o SNS foi criado, há quase meio século, a denominação adaptava-se perfeitamente, hoje já não corresponde à realidade. Há cerca de quatro milhões de portugueses com seguro de saúde, mais umas centenas de milhares, ou milhões, que usufruem de sistemas de saúde privados especiais, existem centenas de clínicas e hospitais privados e muitos médicos dão consultas a título particular. Assim, o SNS é na realidade um SPS – Serviço Público de Saúde.
Chamar “serviço nacional de …” a um serviço qualquer, pressupõe que esse serviço cubra a globalidade de uma actividade num país, como o SNS só já cobre uma parte do sistema de saúde, a sua designação não corresponde à realidade.
Defendo que devemos chamar Serviço Nacional de Saúde à globalidade de entidades que prestam serviços de saúde e que trabalhem de forma integrada de modo a complementarem-se na sua actividade diária.
Andamos a fingir que temos um serviço nacional de saúde, o SNS não consegue dar resposta às necessidades da população. O Estado não tem vocação de gestor do que quer que seja. Como estaria hoje a saúde de quem vive no Algarve se não existissem hospitais e clínicas privadas? Faltam médicos, enfermeiros, instalações, falta … falta … falta organização, competência e honestidade intelectual ao nível central.
Os políticos leem muitos livros que defendem esta ou aquela ideologia política, mas não sabem ler nem olham para a realidade concreta. Muitas entidades suportadas pelo Estado (todos nós) têm servido apenas para arranjar tachos para os apaniguados dos governos em funções, os impostos que pagamos e os milhares de milhões que têm vindo da EU têm servido também para encher os bolsos de alguns e dar mordomias a uma classe que não vale a água que bebe. É o país que temos com a capa da democracia.
Não vou discutir aqui quem tem culpa do pântano em que está a Saúde, o Ensino e a Justiça, apenas refiro que nos últimos vinte anos governou, durante dezasseis, o partido do fundador do SNS. A culpa não é do “zé pagode”!
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