No Algarve dos anos 1980, a frase “vamos a Espanha” significava uma aventura única.
Uma vez saídos da capital (São Brás de Alportel), vinha a viagem pela EN125 até Vila Real de Santo António, e o barco até Ayamonte. Estávamos em Espanha… Uma aventura… carro, barco, trocar moeda, outra língua, outra comida, outras roupas, casas diferentes…. Que mundo novo!
Anos depois, o mundo é diferente. A europa é diferente. E por inferência, Portugal é diferente. E pessoalmente, ainda bem que assim é.
Certos de que existem sempre críticas, dificuldades e limitações, o projeto Europeu, que em maio é celebrado, é o culminar de um projeto único, que importa recordar, preservar e fortalecer.
Vou seguramente repetir os conceitos já conhecidos e explanados, focando na multiculturalidade, na segurança e na mobilidade. Em como 27 países independentes, cientes da sua história, língua, cultura, economia, e gastronomia, optam por festejar a sua individualidade de forma conjunta, trabalhando numa colaboração económica, social, e cultural que nos torna a todos mais fortes, mais compreensivos e mais ricos (e não apenas economicamente).
Este é a Europa na qual fui formado, para a qual procuro (tento) contribuir, e que conheço diariamente.
Para as empresas que procuram no exterior da (pequena) economia nacional uma forma de valorizar as competências, o empreendedorismo e a excelência nacional, penso que é fácil reconhecer as valias de uma moeda única. Para o individuo que viaja, para o aluno que estuda fora, ou para quem procura no exterior novas oportunidades profissionais, o espaço Schengenconfigura, inequivocamente, um dos maiores feitos da UE. Mas mais que economia, conhecimento e mobilidade, estes fatores aproximam-nos enquanto indivíduos, permitindo partilhar experiências e culturas, atestando que o todo é maior que a soma das partes. Que todos juntos somos mais fortes e mais tolerantes. E que a exigência de compromisso é, embora difícil e por vezes morosa, um exemplo de cidadania e aprendizagem.
Mas mais que estes e outros pontos amplamente explanados, permitam-me apresentar dois fatores que considero ímpares, e que considero merecedores de todo o nosso esforço, na defesa de uma Europa forte e unida.
Em primeiro lugar, a Europa livre de conflito.
Muito embora o permanente (e necessário) foco nas questões do crescimento económico, do combate à inflação, da regulamentação, e em tantos outros pontos relevantes, penso ser importante relembrar e reforçar a Europa como projeto de “combate” às guerras entre “vizinhos”. A União económica e politica dos países da União Europeia, mais que tudo o resto, tem resultado num período de expansão económica e, mais importante, num período de paz. Por muito banal que possa parecer nos dias de hoje a menção ao projeto de paz que é a Europa, basta ligar a televisão, o rádio, ou qualquer rede social para nos apercebermos da relevância do tema, assegurando uma Europa livre de conflito como condição inequívoca de qualidade de vida.
Em segundo lugar, a promoção da colaboração. A colaboração económica, social, cultural e ambiental, por vezes não muito visível, que transform(a)ou a sociedade Europeia, naquilo que é a vida diária de cada um de nós.
Por vezes “esquecido” ou pouco visível, o crescimento económico e a capacidade económica, resultou de forma sistemática da cooperação europeia, possibilitando o acesso a fundos que (é verdade que por vezes usurpados e mal utilizados, mas o copo está sempre meio….), de forma direta e indireta, permitiram alavancar aquilo que é atualmente a rede de estradas, de esgotos, de água, e de telecomunicações, ou as rotundas, os hospitais, as piscinas, as escolas, as universidades, e tantas outras infraestruturas insubstituíveis da nossa vida contemporânea. Falo do investimento material possibilitado pela cooperação europeia, que por vezes aparentemente omissa, permitiu a países menos desenvolvidos acederem a novas oportunidades, gerando novas condições para as suas populações. Falo do que vemos fisicamente, comummente exposto nas placas promocionais.
Mas tão ou mais importante, e seguramente menos visível, refiro-me ao investimento imaterial e da cooperação institucional, que embora não edificada, sustenta a inovação, o ensino, a investigação, a multiculturalidade, a integração social, a saúde e o bem-estar, a criatividade, e tudo aquilo que impacta diariamente a vivência dos europeus. Os programas de cooperação permitem às instituições europeias conceber e implementar estratégias conjuntas, que embora por vezes não percecionadas, impactam o dia a dia de cada um de nós. Os novos projetos empresariais, as dinâmicas culturais, os resultados de investigação, ou as experiências educativas que tomamos por certas resultam, usualmente, de dinâmicas cooperativas entre entidades europeias, que conjuntamente e ancorados em programas de cooperação europeia, potenciam as dinâmicas publicas e privadas para o aumento da competitividade, do emprego, e da qualidade de vida.
Esta é a Europa que vejo e que desejo. A europa que embora sob permanente ameaça, continua (ainda hoje e espero que sempre) a combater o extremismo, a xenofobia e a exclusão social, procurando dar resposta aos contínuos e dinâmicos desafios da sociedade.
Em maio de 2020, no mês da Europa, em plena pandemia de COVID 19, no pós-brexit, e no inicio de uma nova crise mundial, esta é a Europa que espero que se reinvente e se fortifique, relembrando a sua génese e os ideais da sua formação.
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