Durante uma grande parte da minha vida, ser Europeu era apenas um de vários conceitos abstratos que me rodeavam. Um símbolo distante de uma realidade que simplesmente ‘era o que era’, e que se misturava no pano de fundo de tantas outras estruturas nas quais estou incluído, mas que pouco me influenciam, e vice-versa.
À parte da transição do Escudo para o Euro (quando eu tinha doze anos), pouco pensei ativamente sobre o significado que a União Europeia tinha para mim; Até que em 2016 me encontrei inserido num contexto especificamente condutivo a uma reflexão única sobre a minha condição de cidadão da União Europeia (EU) no Mundo.
Em 2016 estava a residir no Reino Unido (RU), a meio de uma Licenciatura em Jornalismo e Media, a um passo de um Mestrado em Política Comparativa, e absolutamente absorvido pelo debate em torno da saída do RU da EU, popularmente conhecido como Brexit. Esta mistura de influências e situação colocou-me simultaneamente na posição de observador ativo e o objeto, daquilo que foi o discutivelmente o maior acontecimento político da história recente do Reino Unido e da União Europeia.
Bombardeado quotidianamente por informação que estava a aprender a desconstruir academicamente, vi-me forçado a ter que pensar criticamente sobre o que o Projeto Europeu significava para mim e para o mundo. No contexto especifico do Brexit, um dos pontos que mais evidentemente se fez sentir na minha pessoa foi o da Pertença– passei de residente integrante de um país no qual eu tinha o direito de estar, para um ocupante que se tornou inerentemente estrangeiro. A rejeição da EU resultou em todo um conjunto de atitudes político-sociais que inevitavelmente puseram em aberto uma realidade populista de ‘Nós os Britânicos contra eles, os Europeus’; e eu certamente não era Britânico.
Com muito tempo para pensar, e toda uma esfera pública para observar comecei então a perceber que um dos pilares essenciais da Visão Europeia – o livre movimento de pessoas – é algo maior que apenas fronteiras abertas. A suavização da separação territorial entre nações fomenta também a quebra de barreiras psicológicas e emocionais, e que nos permite imaginar um conjunto de pessoas semelhantes em forma de pensar e existir socialmente. Pessoas como nós, mas com as suas diferenças e identidades individuais. Um proverbial ‘bairro’, em que todos temos as nossas casas e as nossas maneiras de existir no mundo, mas no qual ninguém sente a necessidade de trancar as suas portas.
Hoje compreendo que existe uma diferença muito grande entre ter o direito de estar em algum sítio, e simplesmente ser permitido acesso ao mesmo. É a diferença entre ser bem-vindo ou meramente tolerado. Por exemplo, eu sei que sou bem-vindo (socio-politicamente falando) tanto em Viana do Castelo como em Viena de Áustria, mas existem tantos outros sítios em que, nas melhores das hipóteses, serei apenas tolerado.
Não sendo crente em utopias, e compreendendo que instituições de largas dimensões estão especialmente expostas a vastos níveis de imperfeiçoes e erros, consigo separar aquilo que o Projeto Europeu invoca nos seus princípios daquilo que a Máquina politico-burocrática da UE é. E mesmo por acreditar, e sentir, o primeiro defenderei as reformas necessárias à segunda.
As nossas identidades regionais, nacionais ou continentais deveriam ser sempre guiadas pelo bom que elas refletem na nossa pessoa, e nunca por parâmetros frios e calculistas.
Esta é a linha de separa um patriota de um nacionalista.
Eu, Viriato Villas-Boas, sei que sou tanto Algarvio, como Português, como Europeu, pois todas as experiencias partilhadas que tive, e tenho, com todos os que habitam tais espaços me aproximam mais de mim próprio do que me afastam.
E numa altura em estamos todos reduzidos a uma igualdade com base na nossa fragilidade biológica, apenas espero que (tanto a nível institucional como individual) continuemos a receber incentivos para ver a nossa Humanidade coletiva, pois esse será sempre o ponto de partida para ultrapassar qualquer adversidade desta magnitude.
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