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Professora universitária e investigadora
Hoje sabemos mais do que ontem e menos do que amanhã!
Mas hoje, também já sabemos que o amanhã terá que ser diferente, e que para isso teremos que aprender ainda mais!
No ano passado a União Europeia apresentou um documento com os fundamentos políticos essenciais da transição para a sustentabilidade, delineando três cenários para atingir a sustentável até 2030, seguindo os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) propostos pela Organização das Nações Unidas (ONU). Em muitos fóruns, a sustentabilidade é um termo utilizado de uma forma parcial, referindo-se à sustentabilidade económica, social ou ambiental. Porem, tal como exposto no documento da UE, a sustentabilidade tem que ter por base fatores transversais ou horizontais aos vários sectores da sociedade, “incluindo a educação, a ciência, a tecnologia, a investigação, a inovação e a digitalização; finanças, fixação de preços, fiscalidade e concorrência; comportamento responsável das empresas, responsabilidade social das empresas e novos modelos empresariais; um comércio aberto e baseado em regras; governação e coerência das políticas a todos os níveis”.
A crise que estamos a atravessar hoje veio sem dúvida demonstrar, de uma forma muito drástica e dramática, que, num mundo globalizado, o caminho para a sustentabilidade tem que ser percorrido a nível global. Mas, mais do que isso, esta crise permitiu igualmente realçar que a riqueza de uma sociedade, de um país ou de uma União de países, não se reduz aos seus recursos minerais ou mercados financeiros.
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Existe uma riqueza imaterial que não se pode contabilizar em nenhum sistema monetário, mas que permite que a sociedade, o país ou a União de países consiga adaptar-se e mitigar os efeitos de uma crise como a do COVID-19. Na natureza, essa riqueza imaterial é associada aos serviços que os ecossistemas fornecem aos Humanos. Na sociedade Humana, são os serviços ligados à Ciência e ao conhecimento, ou ainda à educação e à arte, à liberdade e à equidade, que constituem essa riqueza imaterial:
• Somos ricos porque temos conhecimento suficiente para reconhecer a gravidade da situação sanitária, económica, ambiental e social.
• Somos ricos porque a educação e a literacia globalizadas permitiram que a população intendesse que o confinamento era importante para manter o risco de contaminação.
• Somos ricos por que temos um sistema de apoio social que tenta apoiar todos aqueles que procisam.
• Somos ricos porque temos um sistema de saúde pública acessível a todos e com profissionais de qualidade e dedicados.
• Somos ricos porque temos ciência e investigação pública, e muito competente, que foi capaz de se reinventar e propor soluções para responder às necessidades de novos desafios.
• Somos ricos porque temos a liberdade de escolher e nos adaptarmos ao teletrabalho ou à tele-escola.
• Somos ricos porque temos inúmeras redes de solidariedade que nasceram neste período.
• Somos ricos porque nos juntamos todos para um mesmo objetivo.
No entanto, também é a verdade que esta crise nos mostrou igualmente que poderíamos ser mais ricos, se investíssemos mais nos serviços públicos da saúde, do apoio social, da educação e da investigação, e mudássemos os nossos hábitos de consumo para produtos locais e regionais.
Temos que aumentar a riqueza imaterial para que esta crise, e as próximas, não aumentem a exclusão social e económica, para que todas as crianças tenham a mesma oportunidade de aprender, para que todos os trabalhadores possam ser reconhecidos, para que todas as famílias tenham um meio de sobrevivência. É importante reconhecer o valor de todos os elos da sociedade e relembrar que a sociedade, um país ou uma União de países, funciona e é sustentável porque há quem produz bens alimentares essências, quem recolhe os caixotes do lixo ou quem limpa os hospitais; há quem trata dos doentes e educa os jovens; há quem investiga assuntos que não parecem ser úteis hoje mas se revelam de enorme importância amanhã.
Esta crise permitiu-nos vislumbrar que o caminho para a sustentabilidade é possível, não tendo como destino um constante crescimento económico, mas sim uma economia circular, um sistema alimentar equilibrado, um futuro energético de baixo consumo, nos edifícios e na mobilidade, garantindo uma transição justa, não abandonando ninguém nem nenhum sítio, tal como pretendido pela União Europeia.
“O que sabemos é uma gota, o que ignoramos um oceano” – Isaac Newton
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