O tema alimentação não se esgota em si enquanto ato de escolher e consumir alimentos. A sua abrangência vai para além da sua função básica, garantir a nossa sobrevivência, passando pela saúde e qualidade de vida das populações, até às implicações que tem na cadeia alimentar e na economia dos países.
Já percebemos que tudo tem de ser repensado à luz de uma realidade que não dominamos e à qual temos de nos adaptar, e no que diz respeito à alimentação, aquilo que perceciono a curto e médio prazo é o acentuar das desigualdades e da insegurança alimentar, quer a nível nacional quer a nível internacional.
A luta pela sobrevivência dos pequenos produtores, os riscos a que os trabalhadores agrícolas (elo mais fraco da cadeia) das explorações agrícolas de maior dimensão serão expostos para garantir as produções.
As “dádivas alimentares” das grandes multinacionais, de alimentos com elevada densidade calórica e baixa qualidade nutricional, e o seu impacto na saúde dos mais desfavorecidos, nomeadamente no efeito que podem ter no aumento da prevalência de obesidade e de outras patologias metabólicas crónicas não transmissíveis como a diabetes e as doenças cardio e cerebrovasculares.
A busca do suplemento milagroso por aqueles que têm melhores condições económicas em vez de optarem por hábitos alimentares mais saudáveis.
A não perceção da importância da alimentação e da nutrição nesta equação da COVID19 e das comorbilidades que surgem como fatores de risco para a gravidade da infeção.
Portugal, poderá ter agora a oportunidade de retomar práticas e hábitos alimentares promotores de saúde no passado, encontrar nas suas raízes mediterrânicas a chave para uma alimentação saudável, local e que alavanque a produção nacional, para isso será necessário criar estruturas sérias e credíveis que confiram segurança aos produtores e aos consumidores.
Portugal e os países do sul têm na dieta mediterrânica uma boa prática a exportar para a restante Europa e para o mundo.
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