Nos últimos anos, temos assistido a um papel cada vez mais preponderante da ciência psicológica na implementação e no desenho de políticas públicas em Portugal. Os seus critérios científicos ajudam a compreender e abordar as complexidades do comportamento humano e da dinâmica social, permitindo a criação de iniciativas mais eficazes para promover o bem-estar psicológico, prevenir problemas de saúde mental e enfrentar questões relevantes para a comunidade.
As populações esperam que as suas necessidades e aspirações sejam consideradas nas decisões do Estado Português. Os psicólogos têm, e devem continuar a ter, um papel essencial no apoio aos decisores políticos, auxiliando nas tomadas de decisão e atuando como agentes de mudança na sociedade. Essa colaboração é crucial para uma boa dinâmica bidirecional entre políticas públicas e alterações comportamentais, contribuindo para mudanças estruturais na nossa sociedade.
Os decisores políticos necessitam de acesso a todo o conhecimento disponível para ajudar os cidadãos. Sendo a Psicologia a ciência do comportamento, deve estar na linha da frente no apoio à implementação de políticas públicas que priorizem o bem-estar da população, transformando as comunidades em locais mais agradáveis para viver e trabalhar.
A Psicologia continuará a desempenhar um papel crucial na construção de sociedades mais justas, saudáveis e inclusivas.
A colaboração entre psicólogos, decisores políticos e outros profissionais é fundamental para que essas intervenções sejam bem-sucedidas. Além disso, é essencial que as políticas sejam sensíveis às diversidades culturais e contextuais das populações a que se destinam. Dessa forma, a Psicologia continuará a desempenhar um papel crucial na construção de sociedades mais justas, saudáveis e inclusivas.
A Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP), em linha com as suas atribuições e missão, tem procurado fomentar a utilização da ciência psicológica para informar a tomada de decisão e o desenho de políticas públicas que promovam a saúde psicológica, o bem-estar, a resiliência, o desenvolvimento humano e a coesão social.
A OPP tem elaborado inúmeros pareceres a pedido de instituições públicas e, quando identifica temas relevantes para o país, também se manifesta proactivamente. Um exemplo disso é o comunicado sobre o despacho 12894/2024: “Agiliza o acompanhamento psicológico dos profissionais das forças de segurança, no âmbito dos cuidados de saúde primários” (https://www.ordemdospsicologos.pt/pt/noticia/5358).
Os psicólogos são a única classe profissional que pode intervir em todas as grandes áreas da nossa sociedade e abranger, por exemplo, os mais diversos Ministérios existentes no atual XXIV Governo de Portugal: Coesão Territorial; Defesa Nacional; Administração Interna; Educação, Ciência e Inovação; Saúde; Economia; Finanças; Trabalho, Solidariedade e Segurança Social; Ambiente e Energia; Juventude e Modernização.
A relevância da Psicologia na elaboração de políticas públicas e na construção de uma sociedade mais justa e equilibrada ficou bem evidente na sessão solene do VI Congresso da Ordem dos Psicólogos Portugueses, em 25 de setembro último. Na ocasião, o Sr. Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou: “O que mudou na Sociedade Portuguesa foi a compreensão de que não há domínio nenhum da sociedade em que os psicólogos e a Psicologia não sejam fundamentais: na Educação, nas Escolas, na Saúde, nas Prisões, nos Locais de Trabalho, na Coesão Social e Territorial, na organização das instituições mais variadas, naquilo que é o relacionamento de todos com todos.”
A ciência psicológica tem vinda a ser reconhecida em todos os domínios da sociedade civil e das entidades públicas como uma mais-valia para o desenvolvimento económico, social e humano sustentável, através de políticas públicas adequadas e eficazes. Contudo, ainda há muito trabalho a ser feito para solidificar esse contributo, sendo importante continuar a sensibilizar os decisores políticos – e até mesmo alguns psicólogos – sobre a importância da relação entre políticas públicas e Psicologia.
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