Após dois anos de isolamento social e cultural, a leitura continua a ser para muitos um meio de evasão e libertação. As Bibliotecas, essas, são o porto seguro para muitos leitores que anseiam pelas últimas novidades literárias, principalmente no campo da ficção, como o comprova o movimento de empréstimo domiciliário das bibliotecas do Algarve.
Embora estudos recentes digam que mais de metade da população portuguesa não tem hábitos de leitura e não leu qualquer livro em 2020, o mesmo estudo revela que quem leu, leu por prazer e as bibliotecas, principalmente as municipais, são frequentadas, maioritariamente, por leitores que leem por prazer.
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Ao analisarmos os dados dos livros mais pedidos nas várias bibliotecas, verificamos que a ficção ocupa o top dos empréstimos domiciliários. Dentro da ficção, o género romance prevalece sobre os restantes géneros literários. No ano 2021, constatou-se que as escolhas de géneros, como o policial e o romance de amor, não foram tão dominantes como em anos anteriores, pois aumentou a procura pelo romance de autor, isto é, um interesse pela escrita de determinado autor e não tanto pelo género literário. Se o romance é o género dominante nas escolhas dos adultos, o público infantojuvenil continua a preferir o conto e o romance de aventuras.
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Verifica-se ainda que as escolhas dos leitores acompanham as novidades do mercado editorial e também as tendências televisivas no que respeita a sagas literárias transportadas para séries televisivas e vice-versa.
Embora haja uma prevalência por autores estrangeiros como Carlos Ruiz Záfon, Isabel Allende Sveva C. Modignani e Maria Dueñas, a ficção de autores portugueses, como José Rodrigues dos Santos, José Luís Peixoto e Domingos Amaral, está entre as preferências dos leitores das Bibliotecas da BIBAL.
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Saindo da esfera da ficção, os livros de autoajuda são os mais requisitados pelos leitores algarvios, seguidos pelos livros de História.
Atrevemo-nos a dizer que a crescente procura de livros de autoajuda e de espiritualidade reflete as angústias sobre o mundo em mudança rápida e as necessidades de adaptação social, familiar e individuais, acentuadas pelos dois anos de pandemia por COVID-19.
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Os sucessivos períodos de isolamento impostos levaram a alterações das rotinas familiares e pessoais, desencadeando dúvidas e incertezas sobre o Eu e a sociedade. Ser a farmácia da alma e contribuir para o bem-estar emocional e social dos nossos leitores e da nossa comunidade, através da leitura e do conhecimento, deve ser motivo de regozijo das bibliotecas.
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Como diz o poeta espanhol António Machado, “O caminho faz-se…caminhando” e é caminhando ao lado dos nossos leitores, acompanhando e correspondendo às suas necessidades e interesses, que as bibliotecas constroem leitores e comunidades.
Olga Gago ([email protected]) e Teresa Oliveira ([email protected])
(Biblioteca Municipal Dr. Manuel Francisco do Estanco Louro – São Brás de Alportel)