O lucro é o motor da economia e, por consequência, da sociedade.
O lucro é concebido de forma diferente por dois grandes grupos sociais. Um grupo concebe os resultados empresariais como um meio para alcançar o poder económico, social e político, exteriorizando a ostentação luxuosa, sem se importarem com a sociedade que os rodeiam, consideram que toda a actividade humana deve gerar um excedente que será apropriado naturalmente pelos promotores das atividades, os empresários. Toda aquela actividade que não dê lucro não tem razão de existir, ainda que seja fundamental para a sociedade. Ser rico é o objectivo final.
O outro grupo considera que o lucro é um mal em si mesmo porque representa a apropriação indevida do resultado do trabalho dos outros em vez de esse lucro ser distribuído por todos, a argumentação é diversa e alguma é falaciosa. Por vezes diabolizam o lucro, confundindo o lucro com a utilização que lhe é dada, mas exigem que os privados façam investimento.
Sem a motivação do lucro não se teriam feito as descobertas marítimas no século XV nem seriam feitos investimentos na tecnologia para se produzir mais e melhor. Quem faria poupança para depois investir se não tivesse a esperança de obter mais rendimentos do que todos os outros? Basta pensarmos na actual situação sanitária, quem investiria muitos milhões de euros, e muito rapidamente, na produção de vacinas contra a pandemia se não tivesse a perspectiva de obter muitos milhares de milhões em lucro? Em alguns casos também houve a perspectiva de aumentar o poder político. Outra coisa é saber se se justifica o volume de lucros e o destino que lhe é dado.
Como já referi acima, é desejável que exista o lucro, mesmo sabendo que em algumas empresas a sua utilização não seja a melhor para os interesses da coletividade. Uma empresa que não tenha lucros não tem possibilidade de investir na inovação tecnológica nem expandir a sua produção, navega com o fim à vista porque a concorrência num mercado global é atroz.
A cultura empresarial em Portugal é genericamente – salvo alguns muito bons exemplos – de recuperar o investimento o mais rápido possível e enriquecer, é uma mentalidade pobre. O entendimento é de que quanto menos pagar à força de trabalho maior será o lucro e melhor será para o empresário, nada mais errado, não faltam bons exemplos neste país, basta beber café “Delta”. A actual falta de mão de obra é o exemplo perfeito para ilustrar estas ideias retrógradas. Na realidade não falta força de trabalho, as pessoas não gostam é serem escravas com ordenados de miséria e horas extraordinárias sem serem pagas. Felizmente esta mentalidade está a mudar, leva tempo, mas é o caminho certo.
O que acabei de escrever conduz-nos à necessidade de implementação de escolas profissionais e formação profissional de adultos séria. Isto evitará a saída de muitos portugueses e não haverá necessidade de imigrantes para trabalharem sob escravidão.
Um empresário com capacidade de gestão empresarial pratica bons salários o que conduz à obtenção de lucro, permitindo-lhe investir mais e melhor, enriquecendo o país.
O mal não está no lucro, está na sua utilização.