O Algarve é uma das regiões mais importantes de Portugal, um motor económico impulsionado pelo turismo, que ano após ano contribui de forma significativa para o Produto Interno Bruto (PIB) do país. Contudo, a prosperidade aparente do Algarve esconde uma realidade crua e preocupante: os algarvios continuam a enfrentar promessas não cumpridas, infraestruturas insuficientes e uma qualidade de vida que, em muitos aspetos, está longe de ser condigna. É tempo de agir com seriedade, porque o Algarve merece soluções urgentes, mas acima de tudo merece respeito.
Uma das promessas mais repetidas e ainda não cumpridas é a construção de um novo Hospital Central para o Algarve. Ao longo de anos, os algarvios foram sucessivamente alimentados com a esperança de que a saúde na região teria finalmente a infraestrutura que merece. No entanto, a cada novo governo, a cada ciclo político, a promessa do hospital fica pelo caminho, enquanto a população continua a ser atendida em condições muitas vezes inadequadas e com falta de recursos. A saúde é um direito básico e o Algarve não pode continuar a ser esquecido. Não é aceitável que uma região que contribui tanto para o país veja os seus cidadãos desrespeitados quando mais precisam de cuidados.
Não podemos continuar a ser uma região tratada com negligência pelos sucessivos governos
A mobilidade no Algarve é outra questão crítica. Quem vive ou trabalha na região enfrenta diariamente uma rede de transportes caótica e insuficiente. As opções de transporte público são escassas, ineficazes e, em muitos casos, inexistentes, forçando os algarvios a uma dependência quase total do automóvel. As ligações entre os municípios são deficientes, tornando a vida diária das pessoas um autêntico pesadelo. O Algarve não é só um destino turístico sazonal, é o lar de centenas de milhares de pessoas que merecem poder deslocar-se de forma digna e eficiente, sem ter de pagar o preço do esquecimento por parte das autoridades.
A falta de habitação acessível é outra chaga que tem vindo a agravar-se. Enquanto o setor imobiliário da região prospera, com preços inflacionados devido à procura externa e ao turismo, os algarvios são empurrados para a periferia, ou pior, obrigados a abandonar a sua própria terra. As casas, que se tornaram um investimento lucrativo para estrangeiros e grandes investidores, são agora inatingíveis para a maioria dos habitantes locais. O resultado? Famílias que não conseguem encontrar um lar a preços razoáveis e trabalhadores que não podem viver perto do seu local de trabalho. O Algarve precisa de uma política de habitação que proteja os seus cidadãos e permita que eles possam viver com dignidade.
E se a habitação é um problema, os salários não ficam atrás. Apesar do Algarve gerar uma fatia significativa do PIB nacional, os salários na região permanecem vergonhosamente baixos. O setor do turismo, que emprega milhares de pessoas, continua a oferecer salários que não condizem com a riqueza que a região produz. Não é justo que quem trabalha arduamente para sustentar a principal indústria da região viva com salários que mal cobrem o custo de vida. Os algarvios merecem uma remuneração justa, que reflita o valor que trazem ao país e que lhes permita viver sem a constante angústia financeira.
Por fim, a educação e a saúde no Algarve estão em condições deploráveis. As escolas lutam com falta de professores e recursos, prejudicando o desenvolvimento dos jovens algarvios. O acesso ao ensino superior é limitado e muitos são forçados a abandonar a região em busca de melhores oportunidades de educação. Na saúde, além da já mencionada promessa não cumprida do novo hospital, faltam médicos de família, há longas listas de espera e os centros de saúde estão sobrecarregados. Esta não é a realidade que os algarvios merecem.
O Algarve precisa de soluções urgentes, mas, acima de tudo, merece respeito. Respeito pela sua importância, pela sua gente, pelas suas necessidades reais. Não podemos continuar a ser uma região tratada com negligência pelos sucessivos governos. É tempo de as promessas se transformarem em ações concretas. O Algarve precisa de um hospital central, de melhores condições de mobilidade, de habitação acessível, de salários justos, e de uma educação e saúde de qualidade.
Chegou a hora de olhar para o Algarve como ele realmente é: uma região vital para Portugal, mas que, sem o devido investimento e respeito, corre o risco de se transformar num lugar onde só os visitantes temporários encontram o que procuram. Os algarvios, que vivem, trabalham e fazem o Algarve prosperar, merecem muito mais.
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