Passaram-se seis meses do pior incêndio que alguma vez assolou a região. Na altura, a comunicação social foi incansável em explorar a dor, a desgraça e o desespero das nossas gentes.
Quem de direito também não quis deixar de aparecer e foi um corrupio de entidades oficiais a quererem aparecer e prometer ajuda a quem tinha perdido tudo.
E que ia ser célere.
E que ia ser diferente.
E que ia ser.
Mas não foi.
E não é.
Seis meses depois das 50 casas que foram destruídas, nem uma foi alvo de qualquer obra de recuperação.
Entre o lamaçal da burocracia, da impotência perante a avalanche dos obstáculos, as vítimas tornam a ser vítimas ou, melhor, nunca deixaram de o ser.
O PIB do Algarve nos últimos quatro anos cresceu o dobro do resto do país. O dobro!!
Seria motivo mais do que suficiente para que quem de direito parasse de olhar para a nossa região como se fosse uma colónia de férias de Agosto, para perceber que o povo algarvio existe durante 365 dias por ano.
Para que finalmente nos dessem aquilo a que temos direito, porque trabalhamos diariamente e honestamente para isso.
Para que quem manda tivesse a sensatez de criar condições para que possamos produzir o que produzimos.
Nem que fosse para proteger a sua fonte de rendimento mais apetecível.
Porque se assim não for… qualquer dia a vaquinha deixa de dar leite, porque primeiro já não pode… e depois porque mesmo que quisesse já não quer.
Façam finalmente alguma coisa pela gente.
Podem começar por Monchique.
Porque nos corações e nas almas de quem tudo perdeu… o incêndio ainda lavra.
Todos os dias.
Monchique continua a arder.
Até quando?