Se você conhece vinte mulheres, duas delas, estatisticamente, têm uma doença, que a maioria das pessoas nunca ouviu falar. Chama-se Lipedema e destrói a autoestima destas mulheres.
É mesmo horrível: dói, fica-se disforme da cintura para baixo, ninguém nos pode tocar, poucos médicos a conhecem e só recentemente foi promovida a doença, após anos e anos de desconhecimento, onde a culpa é sempre nossa, por muito exercício e dieta que se faça, nunca se vê resultados e o remédio é ir à faca e mesmo assim não resolve.
Eu tenho 20 amigas, não foi difícil encontrar as coitadas. Como saber? Fácil, basta ir à praia com elas! Nódoas negras nas pernas. Imensas, o tempo inteiro, vindas sabe-se lá de onde.
Obviamente que agora, liderados por mulheres com Lipedema, já se está a investigar a doença. De nutricionistas a endocrinologistas, passando por fisioterapeutas, esteticistas, bioquímicos e clínicos da cirurgia plástica e venosa, incluindo ainda imensas influenciadoras nas redes sociais, todos e todas estão a partilhar conhecimento e a apoiar as potenciais 400 milhões de mulheres no mundo inteiro, que ainda não sabem porque estão tão infelizes com a vida.
Encontrei uma definição de Lipedema que gostei: é um fogo leve, que arde por dentro e doi nas pernas. Provocada por uma inflamação sistémica que coze tudo ao seu redor e vai, em lume brando, corroendo o corpo e a mente. No mínimo, deprimente. As coitadas têm mesmo razão.
E, portanto, a pergunta põe-se: como podemos ajudar? E a resposta é linda: podemos ajudar, e muito:
- Elas têm de saber que têm uma doença e que quanto mais cedo começarem a tratar, melhor.
- Toda a gente, incluindo elas, têm de perceber que a culpa não é, nem nunca foi delas.
- Lipedema, não é: celulite, nem obesidade, nem linfedema. É outra coisa. E doi.
- E que a mesma mulher que tem Lipedema nas pernas e nas ancas e talvez nos braços, normalmente não tem nem na barriga nem nos pés, nem em mais lado nenhum.
- Toque na pele na zona doente só quando esta esta está protegida por compressão.
Ou não toque.
E para verem que até as coisas más podem ter coisas boas, aqui vai uma receita muito Kinky, para melhorar a autoestima e para ser praticado, a dois, por quem de direito.
Posição: sentada, de pé ou deitada, como ela preferir. Local: à escolha.
Atividade prévia: enrole todas as partes doloridas em película celofane de cozinha.
Comprima como ela gostar mais. Use um marcador, ou um baton, para desenhar a área dolorosa.
Atividade principal: toque por todo o lado, incluindo em cima do celofane, evitando a área delimitada, primeiro muito suavemente e vá perguntando – É bom? Mais ou menos pressão?
No final: deite-a confortavelmente com as pernas elevadas. Se ela adormecer, sorria.
Próximo nível: ela tem, ou terá de lhe ensinar, como colocar um produto anti-inflamatório antes do celofane ou de compressa. Você observa e conversa com ela. Uma sugestão: óleo de rícino, também conhecido por Castor Oil.
Opcional: lingerie nova, creme de massagem que gela a pele e/ou cubos de gelo.
Suplementar: com Vitamina C.
Melhora ou não melhora a autoestima?
Passe a receita para alguém de direito, se não for o seu caso.
E o que é que tudo isto tem a ver com a Vitamina C? Como diria Linus Pauling (Premio Nobel da Química em 1954 e especialista em Vitamina C, investigador citado 34904 vezes na literatura científica, à data de hoje)
Acredito que pode, tomando algumas medidas simples e baratas, prolongar a sua vida e os seus anos de bem-estar. A minha recomendação mais importante é que tome vitaminas todos os dias em quantidades ótimas, para complementar as vitaminas que recebe na sua alimentação.
E esta história não termina aqui. Se é coisa que as mulheres com Lipedema precisam é de informação. E garanto-lhes que Vitamina C não faltará.
(continua na próxima semana)
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