Utopia para Realistas, de Rutger Bregman, um êxito internacional, foi agora reeditado pela 11×17 (Grupo Bertrand Círculo), numa edição de bolso (também mais económica), depois de ter estado esgotado durante algum tempo. No final do ano passado, saiu Humanidade – Uma História de Esperança, livro do ano do Guardian, bestseller do New York Times e do Sunday Times.
Rutger Bregman, considerado um dos jovens pensadores mais promissores da atualidade, expõe numa prosa cativante, com humor controverso, uma proposta sobre a evolução da humanidade com base em três tópicos basilares: o rendimento básico incondicional, a livre circulação de pessoas e uma semana de trabalho de 15 horas: «Os estudos sugerem que quem tira partido dos seus dotes criativos só consegue ser produtivo em média seis horas por dia.» (p. 129). Contudo, o normal continua a ser as pessoas quererem ficar até mais tarde no trabalho, para mostrar empenho, mesmo que não se evidenciem resultados.
Não é em vão que o autor invoca, aqui e ali, citações da obra de autores de ficção científica como Isaac Asimov, pois as ideias aqui defendidas, que parecem utopias e realidades inalcançáveis, são expostas com base em factos, em diversos estudos referidos e histórias de sucesso. Aliás, a edição holandesa de Utopia para Realistas foi financiada por um projeto de crowd-funding, tornou-se um bestselller e desencadeou um movimento nacional de apoio ao rendimento básico incondicional que fez manchetes um pouco por toda a Europa e pôs o tema na ordem do dia um pouco por toda a Europa.
«O PIB, além de ser cego a uma série de coisas boas, também beneficia de todo o tipo de sofrimento humano. Engarrafamentos, toxicodependência, adultério? São minas de ouro para estações de serviço, centros de reabilitação e advogados especializados em direito de família. Se eu fosse o PIB, o meu cidadão ideal seria um jogador compulsivo com cancro a viver um longo e conturbado processo de divórcio que vai gerindo com antidepressivos e gasta rios de dinheiro nos saldos. A poluição ambiental chega a ter uma dupla função: uma empresa faz muito dinheiro economizando aqui e ali, ao passo que outra é paga para limpar a porcaria. Em contrapartida, uma árvore milenar só conta quando é derrubada e a madeira vendida.» (p. 99)
Rutger Bregman é um historiador e jornalista holandês, colaborador frequente do coletivo jornalístico The Correspondent. Publicou livros sobre história, filosofia e economia. Foi nomeado duas vezes para o European Press Prize pelo seu trabalho jornalístico para a plataforma/coletivo The Correspondent.