Hoje é dia 13 e, como muitos outros dias, o Algarve parece continuar à espera de um futuro que teima em não chegar. Esta terra de sol, mar e beleza inquestionável, que tantas vezes é o destino dos sonhos de milhares de turistas, vive também o seu lado de promessas por cumprir e desafios por enfrentar. Apesar das paisagens idílicas e do turismo que cresce a cada ano, os problemas estruturais e as necessidades básicas dos algarvios permanecem numa espécie de limbo, onde muito se promete e pouco se concretiza.
Apesar do crescimento económico impulsionado pelo turismo, o Algarve continua a lutar para resolver problemas estruturais básicos que afetam diretamente a qualidade de vida dos seus habitantes. Sexta-feira 13 ou não, o verdadeiro azar é a falta de ação que mantém o Algarve num ciclo de promessas e expectativas por concretizar.
O verdadeiro azar é a falta de ação que mantém o Algarve num ciclo de promessas e expectativas por concretizar
A construção de um novo Hospital Central, há tanto tempo necessária, ainda não passa de uma promessa vaga. O sistema de saúde no Algarve continua sobrecarregado, com os hospitais públicos a lidarem com a falta de condições adequadas e a escassez de profissionais de saúde. Quem vive na região conhece bem a sensação de impotência ao ver os corredores das urgências cheios, as filas de espera intermináveis e a ausência de soluções definitivas. O Algarve merece mais do que retórica – merece ação.
E o que dizer da mobilidade? A dependência do automóvel é quase total numa região onde o transporte público continua a ser insuficiente e ineficaz. As opções para se deslocar entre cidades e vilas são limitadas, obrigando quem vive aqui a lidar com uma infraestrutura que parece não acompanhar o crescimento da população e o aumento da pressão turística.
A habitação, por outro lado, tornou-se um verdadeiro luxo. O mercado imobiliário, inflacionado pela procura externa, afasta cada vez mais os residentes locais. Jovens algarvios veem-se forçados a abandonar a região por falta de opções habitacionais a preços acessíveis. Enquanto o turismo floresce e os investidores estrangeiros encontram no Algarve um paraíso, os algarvios sentem-se cada vez mais excluídos da sua própria terra.
Hoje, dia 13, o Algarve continua à espera de que o futuro prometido se torne realidade. Uma realidade onde a saúde, a habitação, a mobilidade e a qualidade de vida estejam à altura da importância desta região para o país. O Algarve continua a estar por acontecer – e não pode esperar para sempre.
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