Entre 2015 e 2023, o preço das habitações cresceu 69% em Portugal vs. 20% na União Europeia, de acordo com dados do Eurostat. Esta realidade veio colocar novos desafios a muitas famílias portuguesas, mas será que estão todas a ser afetadas da mesma forma?
A resposta é “não”. Este crescimento dos preços da habitação tem dois efeitos, de sentido oposto, na população. Para os proprietários, este aumento será positivo. Para quem não é proprietário, mas deseja ser, esta subida de preços é negativa, introduzindo uma barreira adicional no acesso à habitação.
Uma vez que a maioria das famílias portuguesas (78%) possui casa própria, até beneficiaram do aumento dos preços. A habitação é um ativo destas famílias e valorizou imenso durante estes últimos anos. De entre as famílias com casa própria, 61% já tem a casa paga e 39% tem um crédito associado, de acordo com as dados mais recentes disponíveis.
As restantes famílias portuguesas (22%), com casas arrendadas, poderão estar numa situação mais delicada. Uma parte dos 15% de famílias que pagam uma renda mensal inferior a 400€ é caracterizada por contratos antigos com restrições ao aumento de rendas.
Além destas famílias, os jovens que procuram a sua 1.ª casa encontrarão uma dificuldade crescente de acesso à habitação e são, por isso, um dos grupos mais afetados.
Assim, mais do que uma crise da habitação, os preços altos em vigor geram uma crise de acesso à habitação, penalizando sobretudo aqueles que querem aceder a este mercado e que agora encontram uma escada mais íngreme para lá chegar, aumentando o fosso entre quem tem casa e quem não tem e potenciando mais as desigualdades.
- Os factos vistos à lupa por André Pinção Lucas e Juliano Ventura – Uma parceria do POSTAL com o Instituto +Liberdade
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