Hoje era o meu deadline para escrever a minha rubrica habitual, era para escrever sobre outra coisa, mas com o inferno de chamas em qual se vê envolvido Monchique, especialmente desde domingo à noite, não consigo passar ao lado do tema. É de ficar com o coração destroçado.
Serve de consolo a bravura das gentes de Monchique, especialmente dos bombeiros, que mais uma vez trazem ao de cima o que o ser humano tem de melhor: espírito de sacrifício, amor ao próximo e valentia.
Obrigado do fundo do coração a estes heróis pouco ou nada reconhecidos.
Por falar em heróis não reconhecidos, mais uma vez o Moto Clube de Faro, na pessoa do seu presidente, deu uma lição de saber estar e saber comunicar que faz inveja a muitos pseudo-intelectuais, pseudoprofissionais de comunicação que vegetam por aí.
Transformaram uma ameaça criada pela imprensa sensacionalista de confrontos e de violência, completamente alheios ao evento e cujo destaque foi dado non-stop tanto nos jornais como na TV, numa hipótese para reafirmar os valores fundamentais desta concentração desde o primeiro dia: a amizade, o convívio, o espírito livre e tolerante duma festa pacífica.
Aplausos de pé, para aquilo que é feito por gente com uma humildade incrível e que fez mais pelo turismo e economia regional do que todos os gurus regionais nas últimas décadas juntos. Na verdade, é o único evento algarvio e um dos poucos nacionais com presença garantida nos roteiros internacionais.
Muitos tentaram fazer igual, gastaram milhões de dinheiros públicos e nem sequer tiveram perto da visibilidade deste. Como algarvio aplaudo de pé. Terminamos com os vilões.
Enquanto no domingo passado seguia nas diferentes TVs nacionais os acontecimentos horrendos em Monchique, havia um denominador comum neles todos. A insistência doentia para que as vítimas do incêndio (já em si em choque) se queixassem da falta de apoio, dos meios e especialmente dos bombeiros.
“Não acha que os Bombeiros podiam ter feito mais?”, etc, etc. Uma vergonha. Uma falta de respeito para com quem arrisca a sua vida em troca de nada para salvar a dos outros. Inqualificável. A TV no seu pior.
E para terminar parece que o polvo agora que já colocou o seu último tentáculo prepara- -se mesmo para avançar para as famosas taxas turísticas.
Havia uma série que eu adorava que se chamava “Tudo em família”. Está visto, vamos ter um remake só que em versão cangalheiro.
Meu pobre Algarve!
P.S. – Se quiserem partilhar imagens de Monchique façam-no do Monchique verde e fantástico que amamos. E não da destruição. O Turismo e a região agradece.