«A magnífica localização geográfica desta cidade, já fora descoberta e reconhecida pelos Antigos, como provam os vestígios da cidade de Balsa e a sua ocupação pelos muçulmanos que aqui criaram um importante núcleo de pescadores, marítimos e piratas nos Séculos XI e XIII.» IN Catálogo do Museu de Tavira
A COMUNIDADE PISCATÓRIA
Enviando um abraço de fraternidade aos nossos irmãos do mar, recordamos, nesta data, o quanto lhes somos devedores.
Grande parte das nossas tradições, dos nossos costumes e do nosso relacionamento enquanto comunidade, tem as suas origens nas gentes do mar.
Aqui lhes deixamos a nossa homenageam, assinalando o DIA DO PESCADOR.
Tavira foi berço de navegadores e de homens do mar, comerciantes e mercadores, que traçaram com o seu labor páginas de glória que ecoam nas nossas tradições e nos registos históricos, de que tanto nos orgulhamos.
A grandeza de Tavira foi conquistada pelos seus filhos, muito especialmente no século XV nas campanhas de conquista do Norte de África e sequentes navegações “por mares nunca dantes navegados”, trilhando ao longo dos séculos, a via do labor e da defesa de causas que considerou justas, conforme regista a história.
Os seus pescadores, desde tempos ancestrais, afirmaram-se como um dos mais fortes baluartes desta nossa comunidade.
Do período da ocupação romana, chegam-nos hoje conhecimentos do intensivo fabrico do “garun” (óleo de peixe) e da seca de peixe em Balsa, cidade portuária situada nas cercanias de Tavira.
A pesca da baleia, nos séculos primeiros da nossa nacionalidade, as sequentes campanhas na Terra Nova e Groenlândia na captura do bacalhau, as almadravas dispostas frente à nossa costa, para captura do atum, tudo complementado pela prática contínua da pesca artesanal, da arte de mariscar, do desenvolvimento da indústria do sal, talharam nas nossas gentes características que perdurarão para sempre e que urge preservar.
Recentemente, em meados do século passado, a emigração em massa da classe piscatória, que a terras de África foi buscar o sustento que por cá escasseava e faltava, constitui uma marca indelével da indómita força deste povo de pescadores. Em sequência da Revolução de 25 de Abril, deu-se o seu regresso, vindo então retomar a sua actividade, em Santa Luzia, Cabanas e Tavira, contribuindo decisivamente para o progresso destas terras.
Se existe uma característica marcante e que perdura nas nossas gentes, ela é certamente a sua ligação ao mar, geradora dum sentimento de orgulho na nossa história e na memória social coletiva, que temos obrigação e dever de legar aos nossos vindouros.
Entendemos que haverá que salvaguardar a memória histórico-cultural das tradições marítimas e náuticas e dos saberes das gentes de Santa Luzia. E tal começa por considerar e dignificar o pescador, neste dia que lhe é consagrado.
E, pese embora o declínio em que se encontra o sector das pescas, tal memória coletiva encontra-se ainda bem vincada na comunidade que hoje aqui homenageamos. Terão sempre um lugar especial na nossa afetividade os “Lobos do Bacalhau”, pescadores de muitos mares, que lavraram os nevoeiros da Terra Nova, o Mestre Jorge, o João Mangas, o Gorgulho e tantos outros
Lembramos hoje e sempre, com saudade, o Zeca “Leitinho”, o Zé “Minhoca” e todos os que a lei da vida já afastou do nosso convívio. Serão sempre alimento do nosso orgulho de “homens do mar”.
Neles homenageamos toda a classe piscatória Santaluziense.
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