A Black Friday tornou-se, nos últimos anos, um fenómeno de consumo global, marcado por uma avalanche de promoções e campanhas publicitárias que apelam, muitas vezes, ao impulso de comprar. Em Portugal, este período de descontos, que outrora se restringia a um único dia, estende-se agora por semanas, preenchendo o mês de novembro com incentivos ao consumo. Mas será que as promoções são sempre vantajosas? E como podem os consumidores proteger-se de práticas comerciais desleais?
A Direção-Geral do Consumidor (DGC) alerta para a necessidade de escolhas conscientes, destacando casos de publicidade enganosa e falsos descontos que podem transformar as aparentes vantagens em armadilhas financeiras. Num exemplo recente, João, um consumidor atento, viu o preço de uma máquina de café oscilar drasticamente, revelando uma estratégia que mascarava o valor real do desconto. Por outro lado, Maria, ao comprar online, enfrentou o cancelamento da encomenda devido à rutura de stock – uma prática recorrente que mina a confiança dos consumidores nas compras digitais.
Estes relatos não são exceções. Durante a Black Friday, há um aumento significativo de reclamações relacionadas com práticas comerciais pouco transparentes, que incluem alterações súbitas de preços, ofertas enganosas e políticas de devolução confusas. A responsabilidade de evitar estes cenários não recai apenas sobre os consumidores, mas também sobre os operadores económicos, que devem respeitar normas éticas e legais, e sobre as autoridades, que têm o dever de fiscalizar.
A DGC, ao lançar a sua campanha de sensibilização, propõe um conjunto de recomendações práticas para um consumo mais informado. Entre elas, destacam-se a comparação de preços através de ferramentas online, a verificação de políticas de trocas e devoluções e a atenção redobrada ao analisar mensagens publicitárias. Contudo, a informação é apenas o primeiro passo. É imperativo que os consumidores adotem uma postura crítica, questionando o real valor das promoções e ponderando a necessidade das compras.
Além disso, é essencial que as denúncias de práticas comerciais desleais sejam comunicadas à Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) e à DGC. Apenas através de uma ação coletiva e responsável será possível combater os abusos e garantir que períodos promocionais como a Black Friday não se transformem em oportunidades para lesar os consumidores.
Comprar com consciência não é apenas uma forma de evitar prejuízos financeiros; é também um ato de cidadania, que contribui para um mercado mais justo e transparente. Lembre-se: o poder da escolha está nas suas mãos. Use-o com responsabilidade.
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