Esta manhã acordei com o som estridente do telefone dos táxis da praça do Giraldo.
Chego-me à varanda fronteira às arcadas, e vejo o Alvoco correr para o telefone e acenar ao Morais para um novo serviço.
Estacionados, estavam os táxis do Maneiras, do Silva, do Franco, do Costa, do Ladislau, entre outros.
Continuo a olhar e vejo que o estrado do polícia sinaleiro, frente à rua 5 de Outubro, antiga rua da Selaria, voltou a ser colocado.
Perante isto, e face a um maior movimento de automóveis e pessoas, pensei para comigo que tudo estava a voltar à normalidade que sempre conheci.
Com a normalidade reposta, fui incumbido de ir comprar fiambre à mercearia do Acácio (já tinha saudades do cheiro) e de ir comprar café, moído na altura, à pastelaria do Arcada. E que aroma meu Deus.
Para isso, desci os muitos degraus da escadaria do terceiro andar, que dava para a rua dos Mercadores e vejo as costureiras do alfaiate Belém entrarem na porta contígua à minha.
Mais uns números de polícia abaixo, vejo algumas pessoas à porta da padaria do Manuel Vicente, o Mamede a abrir a Toca, e um Peugeot 404 a parar junto à pensão Giraldo.
Encaminho-me para a praça grande, o Diana Bar tinha as portas meio abertas e, dou de caras, com o pessoal que trabalhava nos escritórios da fábrica dos Leões e da H. Vaultier.
Cumprimento o senhor Vilhena, alfaiate, que ia acompanhado do filho à Pharmacia Motta e vejo a contínua da sociedade Bota Rasa a arear os cromados da porta.
Atravesso junto à igreja de Santo Antão, fixo-me na rua Nova e depois dou com a loja do Coelho, os Algarvios, a retrosaria do Constantino, a casa Urbana (da família Amado), já abertas.
Reparei que também o Gaspar, estava aberto, com muita gente, na fila, para comprar tabaco. Cumprimentei o senhor Hélder, fui arcadas abaixo, e dou de caras com o senhor Joaquim da farmácia da Misericórdia. Segui até ao Nazareth, sem que antes olhasse a montra do Filipe dos Santos.
Atravesso a rua da Selaria, passo pelo banco do Alentejo, a empresa Valadas, a Havaneza, a Casa das Limonadas, a chapelaria Almeida, as Marsanitas, a drogaria do senhor Sardinha, vejo a montra da quermesse de França, a ver se há carrinhos novos, e entro na papelaria do senhor Joaquim para comprar cromos das “Maravilhas de Portugal”.
Caçadores de Histórias
Abalou um dia do Alentejo mas o Alentejo nunca dele abalou!
António Silva, em momento algum perdeu a sua ligação a Évora, cidade que ele aqui retrata na recordação de figuras e tempos que fazem a saudade e a história. Num filme com vida, cor e movimento, como se tudo corresse agora diante dos seus olhos.
Este quadro espontâneo, feito de supetão e a quente nas redes sociais, onde o fomos colher com a devida autorização do seu autor, espelha a necessidade que cada um de nós sente em exteriorizar sentimentos e emoções que compõem a riqueza do nosso mundo interior. (R.S)
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