1. Resumo histórico
A primeira referência ao nome da povoação de Cabanas surge numa escritura de venda de uns terrenos na freguesia de Conceição, no ano de 1747.
A actual Vila de Cabanas de Tavira é uma localidade situada no litoral do seu concelho,Tavira, distrito de Faro.
Em 2013, constituiu-se a União das freguesias de Conceição e Cabanas de Tavira, resultante das anteriores freguesias de Conceição (1518) e Cabanas (1997).
Tem cerca de 2519 habitantes no conjunto das duas freguesias.
Com a ascensão do turismo, sobretudo, a partir da década de 60 do séc. XX, a Vila de Cabanas desenvolveu-se de forma rápida.As actividades económicas mais significativas desta localidade, elevada a Vila em 2001:
– turismo;
– actividades piscatórias, mas um pouco reduzidas, relativamente, àquilo que já foram noutros tempos.
2. As potencialidades
Das diversas atracções que Cabanas de Tavira possui, a praia é, sem dúvida alguma, uma delas.
A sua fina e branca areia, a linda paisagem envolvente, a boa qualidade da água do mar e a respectiva temperatura, o seu óptimo clima, o bom local para a prática de desportos náuticos, pesca lúdica, apanha de mariscos, a existência de uma boa segurança, as suas lindas casas típicas, a simplicidade do seu povo, são elementos fundamentais e atractivos…
A construção civil continua em força na união das duas freguesias e, por conseguinte, irá contribuir ainda mais para o aumento do número de pessoas na Vila de Cabanas e na frequência de sua praia.
No espaço compreendido, entre a praia Deserta da ilha de Tavira e o filão de areia a sul do forte S.João da Barra em Cabanas, estão instaladas algumas concessões com palhotas, apoios alimentares e bebidas, onde o interesse privado, está ali bem patente.
Os empregos na referida Vila são na sua maioria, gerados à volta das actividades turísticas, sobretudo, as provenientes de unidades hoteleiras, aldeamentos turísticos, restaurante e bares…
O tipo de emprego é, maioritariamente, sazonal, acompanhando o movimento turístico, sobretudo, durante o período de 4 a 5 meses por ano (Maio a Setembro).
Após o fim da época balnear, uma parte da população recorre ao fundo de desemprego, aguardando pela chegada da nova época.
Cabanas já teve outra praia, no lado do nascente e na direcção do prolongamento final da sua marginal.
Era a chamada “Praia da Uma” muito frequentada, nomeadamente, por pessoas empregadas que tendo uma hora disponível para o almoço, aproveitavam esse período para irem, também, até à praia.Ao longo do tempo a sua areia foi desaparecendo, quase na totalidade, e ninguém mais se preocupou com a recuperação da mesma, a qual poderia vir a acontecer nos nossos dias e, certamente, seria muito bem aproveitada…
3. As polémicas existentes e a defesa de uma Travessia Pedonal
A forma de acessibilidade para a praia de Cabanas é feita por intermédio de embarcações motorizadas de transporte de passageiros (particulares e empresas) e, também, por Água Táxis.
O transporte de passageiros é feito a partir de vários cais e rampas de embarque, localizados em Cabanas, tendo no outro lado da ria um passadiço, em madeira, que assenta em estacaria com cerca de 150 metros de comprimento, indo até perto de uma concessão de praia.
No topo norte do dito Passadiço, há um módulo com escadaria em ferro, que é ligado a uma plataforma de acostagem (sistema elevatório).
Já de há muito tempo que um grupo de cabanenses, ao qual, também pertenci, havia pensado na necessidade de uma Travessia Pedonal (entre margens) para a prestação de um serviço público com livre acesso, na passagem de pessoas para a praia e sem quaisquer condicionalismos…
Ocorreram, no entanto, nos últimos tempos alguns acontecimentos preocupantes que vieram despoletar a reacção e a formação de um grupo mais alargado e organizado com cabanenses, mas, também, com outras pessoas que gostando da Vila de Cabanas e da sua praia, a ele se juntaram, na defesa de uma Travessia Pedonal, tendo em conta os seguintes objectivos:
– solucionar as muitas demoras de espera em filas, no período do Verão;
– evitar a sujeição ao cumprimento de horários pré-estabelecidos;
– manter uma livre acessibilidade à praia, durante todo o ano;
– possibilitar uma satisfação geral porque uma travessia livre, a ninguém de boa fé prejudicará;
– procurar contribuir para a redução da poluição local ambiental;
– proporcionar “custos zero” no pagamento de passagens, através de Travessia Pedonal;
– possibilitar a mobilidade de ida e volta à praia, a deficientes motores, idosos, crianças, pessoas fragilizadas física e psicologicamente;
– proporcionar maior segurança, comparativamente, a um passadiço com limitações;
– possibilitar em caso de emergência, efectuar uma rápida evacuação por via terrestre;
– contribuir para o aumento de emprego à população cabanense activa, ao longo de todo o ano;
– evitarem-se aglomerações de pessoas em espera nas diversas filas, quer no passadiço ou nos cais de embarque;
– evidenciar uma preocupação ecológica;
– providenciar que um dos seus módulos contenha um vão de altura suficiente para a passagem de pequenas embarcações, por debaixo do tabuleiro.
4. Objecções e expectativas
O facto de se desejar um serviço público a ser prestado com a existência de uma Travessia Pedonal entre margens, não pode ser visto como uma interferência nos interesses particulares, porventura instalados, ou a instalar.
Havia já sido aberto um concurso público com base num contrato de exclusividade para 25 anos para a travessia de Cabanas de Tavira com a entidade reguladora Docapesca, a reclamar para si 20% do preço dos bilhetes, entre outras percentagens…
Entretanto, a lei foi alterada e, actualmente, a gestão da travessia passou para responsabilidade da CMT.
Por conseguinte, foi-nos informado que este concurso tinha sido cancelado, embora já antes tivesse havido uma previdência cautelar, movida por um dos candidatos que havia perdido o dito concurso.
Resta saber em que ponto estará a situação actual, ou aquilo que possa ainda estar previsto!
Entretanto, o grupo pela defesa de uma Travessia Pedonal promoveu uma petição pública que já conta com mais de 2500 assinaturas, nomeadamente, de cabanenses, empresários de empreendimentos turísticos, de restauração, alguns pescadores profissionais, etc…
Este grupo reivindicativo da Travessia Pedonal solicitou uma reunião à Senhora presidente da CMT para lhe apresentar a sua ideia.
Após a sua realização, foi dito pela presidente que iria contactar o gabinete técnico para ver da viabilidade da proposta apresentada mas até hoje, nada foi respondido.
Sabe-se, no entanto que decorreu um novo concurso público para a substituição do passadiço, existente no lado da praia, no montante de 545 mil euros, o que corresponde ao custo, relativo dessa sua substituição, por uma nova estrutura metálica com guardas em inox, estrado em madeiras exóticas, indo assentar o dito conjunto em estacaria cravada, sendo esta, uma obra sem paralelo.
O custo deste “luxuoso” passadiço daria para fazer uma livre Travessia Pedonal em madeira de ligação da Vila de Cabanas à sua praia.
Esta medida de aplicação de 545 mil euros, mais parece agradar o interesse particular, do que, propriamente, satisfazer o interesse público e isto por não servir uma população desejosa de ter uma travessia pedonal livre, a fim de poder frequentar a sua praia.
Haja alguém responsável que explique as razões subjacentes que justificam não se ter optado por uma Travessia Pedonal entre margens, à população de Cabanas, ao executivo da União de freguesias de Conceição e Cabanas de Tavira, à sua Assembleia que aprovou uma moção de apoio a essa Travessia e ao grupo organizado para defesa da mesma.
Pergunta-se ainda:
– Terão sido feitos alguns estudos de impacto ambiental para a colocação de um novo passadiço, ou terão sido os mesmos dispensados?
Em conclusão:
A justificação que se possa querer dar pelo facto de se ir substituir um passadiço já existente, não pode ser só o justificativo do factor “Segurança”!
Não será pelo facto do novo Passadiço vir a ser mais largo, com travessas de madeiras exóticas e ainda, inox nas suas guardas, que se irá contribuir para maior Segurança das pessoas, especialmente, se comparado em relação aos trajectos de vai e vem, feitos na ria em barcos motorizados de transporte de passageiros e, por vezes, com grande velocidade de alguns para se fazer o máximo de lucro com a venda de bilhetes, pois até parece que já foi esquecido o grave acidente, ultimamente, ali ocorrido.
Com o novo passadiço é sim estar a “insistir-se uma vez mais, na insegurança” pela perigosidade que a problemática da ria representa…
Então, e nos cais de embarque com base no mesmo pressuposto de “segurança’, não fazem, também, ali obras, mas porquê?
Será que as dragagens na ria não terão de ser feitas para manter operacional todo este sistema de passadiço, cais de embarque e barcos de transporte de passageiros?!
Já foram feitas bem as contas aos milhares de euros que terão de ser pagos, insistindo num passadiço?!
Com muito menos dinheiro construir-se-ia uma TRAVESSIA PEDONAL em madeira, ecológica, livre de condicionalismos, menos promotora da poluição por “não funcionar a combustível”, mais segura por não ser um barco em movimento na ria, por “dispensar o uso coletes”, ter menos gastos ao não necessitar de dragagens frequentes etc, etc.
Que se diga que ao “construir-se um novo passadiço, não signifique que não haja uma eventual “possibilidade posterior para uma travessia pedonal”, deve ser a mesma coisa que pensar-se no seguinte: “depois do burro morto cevada ao rabo!”.
Então, neste momento, vai ser aplicado cerca de meio milhão de euros, no quadro das questões anteriormente referidas, e só depois de pensará, numa eventual possibilidade de uma Travessia Pedonal!?
Pois se houvesse vontade política e administrativa, ter-se-ia optado de imediato, pela implementação da dita Travessia Pedonal e para satisfação e segurança de toda a gente. Tempo e dinheiro assim aplicado, poderia ser mais bem pensado!
“Um serviço público deverá prevalecer ao interesse Particular seja para quem for porque o mesmo, a todos pertence”…
Esta solução de passadiço “limitado”, continuará a não servir, devidamente, a população de Cabanas e outros frequentadores da sua praia…
Bem melhor do que tudo isto, seria a existência, sem dúvida, de uma Travessia Pedonal livre que será com certeza algo natural que um dia terá de acontecer e talvez por mão de alguém que tenha uma visão “futurista”…