Numa Europa em progressiva decadência(1), os seus líderes, ou que seria suposto serem-nos, mostram-se, sobretudo depois de terem perdido o «pai» Biden e serem confrontados com um «padrasto» Trump, que não lhes passa cartão algum, umas autênticas baratas tontas, sem rumo definido, vivendo numa bolha virtual, incapazes de compreender que o mundo já não é o que era, unipolar, mas sim multipolar, que existem uns BRICS representando já mais de 40% da população mundial e mais de 37% do PIB global, englobando, entre outros, países como uma China, Rússia, índia, Brasil, África do Sul ou Indonésia, dizendo à Ucrânia para não assinar um acordo de paz com a Rússia que esteve em cima da mesa logo no início do conflito entre elas, com a promessa de que a ajudariam a vencer o mesmo, para, agora, estando a ser perdido, negociações sobre ele já aceitarem, nele investindo milhões atrás de milhões para os americanos daí tirarem lucro, vendendo o respetivo armamento para o alimentar e preparando-se, agora, para ficar com as riquezas minerais da dita Ucrânia e insistindo em clamar, histéricos, que «os russos vêm aí», sem que se consiga, mesmo com binóculos, enxergá-los ao longe.
Baratas tontas que, mesmo com retiros de meditação pelo meio, não conseguirão meditar em nada, já que «tudo como dantes no quartel de Abrantes», quando muito, nesses retiros, certamente comendo bem e bebendo melhor, com foto de família no fim.

Jurista
Baratas tontas que, mesmo com retiros de meditação pelo meio, não conseguirão meditar em nada, já que "tudo como dantes no quartel de Abrantes"
Tudo isto, enquanto milhares se manifestam nas ruas de uma Madrid pelo direito à habitação, numa Alemanha outros tantos milhares veem os seus postos de trabalho, em particular no setor automóvel, ameaçados como nunca pensaram que poderiam vir a ver, em Portugal se assiste à deterioração dum SNS a a extrema-direita cresce, alegremente, por todo o lado!
Europa, pois, com todo um futuro risonho à sua frente!
(1)A Alemanha, tida como o seu motor económico, há dois anos consecutivos que se mostra incapaz de pegar e arrancar; em África, cada vez mais é desprezada (que o diga um «petit roi» Macron); nas grandes disputas geoestratégicas, não é vista nem achada; denuncia o que considera crimes de guerra nuns sítios, mas fecha os olhos aos que noutros são praticados, como numa Gaza; etc. A sua «relevância» internacional resume-se a querer interferir nos assuntos internos de países como uma Geórgia, onde espera que nesta ocorra um golpe de estado «pró-ocidental» tipo Maidan.
NOTAS MARGINAIS
– O chanceler alemão Olaf Scholz, vendo, em particular, a sua indústria automóvel ser ameaçada com taxas de importação que Trump ameaça fazer recair sobre ela, apela, em desespero, à solidariedade europeia para fazer face à dita ameaça.
E a gente a lembrar-se quanto uma Alemanha, na altura financeiramente desafogada, registando um crescimento do PIB de 4,4% e tendo como ministro Wolfgang Schäuble, foi, durante a crise do Euro, «generosamente»» solidária connosco e com os gregos! Só faltou exigir-nos que, para além dos anéis, os próprios dedos vendêssemos! Afinal, como alegava, por sua vez, um outro ministro das finanças, esse holandês e de nome Jeroen Dijsselbloem, não passaríamos de gente mal formada, gastando o dinheiro em copos e mulheres, ousando, depois, descaradamente, pedir dinheiro emprestado a quem bem formado e poupado era. Quem diria, pois, que aflita, a Alemanha viria agora clamar pela generosa solidariedade europeia, nossa!
– Nuno Melo, Ministro da Defesa, alerta, em almoço organizado pelo International Club of Portugal, que o modo de vida ocidental está em risco, tendo ele (Nuno Melo) um modo de vida que não pretende substituir por qualquer outro.
Acreditamos que sim, já que, presumimos, nunca terá passado por trabalho precário e mal remunerado, pela dificuldade em comprar ou arrendar casa ou ter de esperar meses por uma simples consulta médica!
– O advogado Rogério Alves, tendo por fundo divagação pelo direito internacional na CNN, denunciou o facto de a Ucrânia, enquanto parte num conflito, não participar nas negociações procurando pôr fim ao mesmo e que estarão a ter lugar, apenas, entre os EUA e a Rússia!
Mas deveria, então, ser representada por quem nessas negociações? Por Zelensky, que à luz da própria Constituição ucraniana já não é, formalmente, presidente do país, por ter terminado há muito o seu mandato? Que valor, à luz do direito internacional, teria, pois, uma assinatura dele num tratado de paz? Sobre tal, Rogério Alves nada disse, certamente por não ter tido tempo para isso, que o tempo para análises televisivas é limitado.
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