Na tabela abaixo vemos a evolução do salário mínimo em euros na EU, de 2015 para 2021. O salário mínimo em Portugal foi ultrapassado pelos salários na Polónia e na Lituânia, neste país quase triplicou enquanto que em Portugal aumentou apenas 48%.
Portugal melhorou, mas menos do que deveria e podia ter melhorado, por isso piorámos em relação a outros países. Tivemos crescimentos de um ou dois por cento enquanto outros países da EU tiveram crescimentos de sete ou oito por cento. Precisamos de redistribuir rendimentos, mas em simultâneo precisamos de melhorar o sistema produtivo com mais investimento e melhor formação sem perdermos os fundos europeus atribuídos que temos devolvido todos anos por não aplicarmos em projectos de investimento existentes devido à incompetência, à burocracia e a outras ‘coisas’. Temos que produzir primeiro para podermos distribuir depois.
Os dois partidos políticos que se desdobraram em exigências imediatistas de distribuição de rendimentos que não existiram para obterem votos, perderam muito mais do quem alguém estiva à espera. O Povo demora a perceber, mas não é parvo.
Na prática estavam a exigir a distribuição do aumento da divida pública como se de rendimentos se tratasse. A divida subiu 51.202 milhões de euros, de novembro de 2015 a dezembro de 2021. Agora, os juros estão a subir, como é que vamos conseguir pagar a dívida e os juros? Eu conheço algumas formas de resolver esse problema, mas nenhuma é favorável aos trabalhadores por conta de outrem nem às gerações futuras.
Os partidos não se empenharam em implementar as reformas estruturais profundas, de que o país precisa há décadas, nas áreas da justiça, da educação, da saúde, do processo de produção, da lei eleitoral, da administração pública e outras de menos relevância. Entretiveram-se com politiquices teatrais, a extrema direita agradeceu.
Os salários reais têm que aumentar com o aumento da produtividade e da produção, não podemos continuar com crescimentos do PIB anémicos como nos últimos anos nem podemos continuar a subsidiar sistematicamente actividades ou empresas inviáveis. Temos que concorrer no mercado mundial, mas não deve ser à custa de salários baixos. As empresas que não conseguem pagar mais aos trabalhadores que fechem e outras mais eficientes surgirão. A aposta tem que ser na qualificação dos trabalhadores a todos os níveis. A requalificação deve ser real e não fictícia como até agora só para receber os fundos europeus e depois comprar carros de luxo.
Tem que ser feito um grande investimento na qualificação na área da gestão empresarial.
* Licenciado em Economia pelo ISEG – Lisboa
Mestre em Educação de Adultos e Desenvolvimento Comunitário pela U. Sevilha
Professor aposentado