Não precisamos de empresas que só subsistem porque pagam barato à mão de obra.
É público que o ordenado mínimo em Espanha é 950 €, os combustíveis são mais baratos, basta entrar numa superfície comercial para vermos que os produtos alimentares são a preços inferiores, os produtos de limpeza e os cosméticos chegam a ser menos de metade do preço. Apesar de tudo isto as empresas não vão à falência, mantêm-se e recomendam-se, os impostos não justificam tudo. A competência e eficiência empresarial permite-lhes ter uma produtividade (não confundir com produção) muito superior às empresas portuguesas, por outro lado os empresários não querem enriquecer num dia, os investimentos são estudados e planeados com uma taxa interna de rentabilidade suficiente para remunerar o capital e recuperar o investimento.
Em Portugal é tudo ao contrário. Já existem, felizmente, empresas eficientes ao contrário do empresariado tradicional que pensa, e pratica, que quanto mais pagarem aos trabalhadores menos ganham, nada mais errado. Que motivação e orgulho na empresa tem um trabalhador mal remunerado? Que quadros técnicos capazes de reorganizarem a estrutura empresarial têm as empresas? A inovação não é só comprar novas máquinas. A produtividade não cai do céu.
O tecido empresarial não pode existir à custa da mão de obra barata, os trabalhadores devem ser compensados pelo seu esforço e dedicação, nem estes devem contar as moscas que passam à sua volta.
Tive um colega num banco onde trabalhei que dizia (e fazia) “eles pagam mal, mas também são mal servidos”.
Os líderes das associações empresariais dizem que as empresas não podem pagar mais aos trabalhadores, mas em Espanha pagam. Então e se o governo decretasse o ordenado mínimo igual ao espanhol para o próximo ano? As empresas fechavam portas? Não acredito! Os empresários iriam deixar de ter a sua fonte de rendimento? Claro que não, iriam modernizar a estrutura empresarial e a tecnologia utilizada.
Os custos do trabalho hh (homem hora) são dos mais baixos da europa apesar dos custos absolutos por unidade produzida ser dos mais altos, isto significa que a organização empresarial é inadequada, as consequências desta realidade é o atraso da economia e o nível de vida baixo.
Todos sabemos que a burocracia e a má governação entorpecem o pequeno investimento e criam dificuldades onde não devem existir. Também sabemos que o direito ao trabalho consagrado na Constituição da República não é sinónimo de obrigação de o Estado ou das empresas empregarem todos os desempregados.
O país precisa de empresários e trabalhadores, mas dos que não utilizam as técnicas do ‘desenrasca’.