Neste país às avessas quem se trama é o Zé Povinho. Eu, tal como milhões de portugueses, nasci com a ajuda de uma parteira autodidata, sem medicamentos nem macas ou médicos. Mas, desde esse tempo até hoje, a Sociedade evoluiu, por isso hoje devem ser bem assistidos, e, se existissem cinquenta médicos e cinquenta enfermeiros para cada parto, seria óptimo apesar de sabermos que noventa e oito pessoas não fariam absolutamente nada e só atrapalhariam.
As maleitas políticas que foram construídas e sustentadas com os impostos ao longo de dezenas de anos estão a ter como resultado a demonstração factual de que parece ser melhor haver partos nas ambulâncias do que no chão à porta das urgências fechadas.
A culpa é claramente das mulheres porque naquela noite se tivessem telefonado para o SNS a avisar que dentro de nove meses iam ter necessidade de parir, as urgências hospitalares já estariam à sua espera na data marcada.
Sim, a culpa é das parturientes porque o modelo político do “deixa andar” nunca falhou, os ordenados, e não só, entraram sempre nas contas bancárias de quem não sabe o que é planeamento e programação.
Às vezes até parece que há falta de dinheiro no sector da saúde, mas creio que não, eu acho é que o problema são as “derramas”.
Há alguns dias alguém dizia que as ambulâncias e os bombeiros funcionam melhor do que as urgências e os médicos, apesar de terem formação apenas para primeiros socorros, e, que por isso, os bebés querem nascer antes de chegarem aos hospitais. Eu não acredito porque os médicos são altamente qualificados.
Serão mesmo necessários médicos presentes em todos os partos? ‘Quem não tem cão caça com gato’. Isto é: não seria melhor alterar de estratégia e pôr as grávidas a parir em condições minimamente dignas mesmo sem médicos obstetras?
Enfim, temos que levar a vida na “brincadeira” apesar de termos a raiva estampada nos dentes.
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