Disse várias vezes, no início dos anos 90, que se tivesse meios financeiros, instalava uma escola profissional, para os alunos que acabassem o nono ano e para adultos com mais de vinte e cinco anos, em horário diurno e noturno.
Mantenho esta convicção, para três áreas técnicas; electricidade, mecânica e informática, mas utilizando currículos e programas diferentes da porcaria curricular proporcionada pelo ministério de educação.
O erro, não reparado, de acabar com as escolas industriais retirou a possibilidade da existência de um mercado de trabalho qualificado de nível intermédio. Os alunos que não querem ingressar na universidade e aqueles que não têm capacidade para tal, ficaram pelo caminho e as empresas têm que admitir mão de obra sem qualquer qualificação técnica.
Argumentaram com o conceito de “igualdade” em vez de “igualdade de oportunidades” sem terem em conta que somos todos diferentes, um bom pedreiro dificilmente dará um bom médico, um bom tradutor nunca dará um bom matemático. As nossas vocações e destrezas são diferentes, por isso querer encaminhar todos os jovens para estudos universitários é um erro.
Todos aqueles que não têm vocação para prosseguir estudos devem ser direcionados para cursos técnicos de onde sairão profissionais qualificados, orgulhosos do que sabem fazer e que tanta falta fazem às empresas.
Em Portugal, o tecido empresarial está habituado a ter mão de obra não qualificada, por isso os ordenados são baixos, até porque a maioria dos empresários não têm eles próprios formação para gerir melhor as suas empresas. A produtividade aumentaria muito com uma melhor gestão empresarial nas micro e pequenas empresas. É uma situação que tem de ser alterada, a formação tem de começar por cima, não se consegue competir no mercado mundial com empresas deficientemente geridas e com trabalhadores indiferenciados.
Cabe ao estado investir na formação profissional com os meios técnicos e humanos necessários e suficientes. Não é com subsídios e cursos fantasma que se facilita o desenvolvimento empresarial. A formação profissional tem que ser efetiva dando novos conhecimentos e aptidões aos trabalhadores de forma a que estes tenham novas competências e atitudes no seu posto de trabalho e na vida.
A política nesta área tem que mudar radicalmente.
* Licenciado em Economia pelo ISEG – Lisboa
Mestre em Educação de Adultos e Desenvolvimento Comunitário pela U. Sevilha
Professor aposentado