Licenciado em Economia pelo ISEG – Lisboa
Mestre em Educação de Adultos e Desenvolvimento Comunitário, pela U. Sevilha
Professor aposentado
Esta é uma dúvida que ainda assalta muita gente. Sim, a Moeda tal como a conhecemos está em vias de extinção, essa tendência teve início há muitas dezenas de anos.
A Moeda, nos seus primórdios, tinha um valor simbólico e era representada por objectos ou animais vivos. Claro que a troca directa de produtos era prevalecente, ainda hoje, em épocas de crise grave, ela reaparece como boia de salvação para muitas pessoas. A partir de certa altura passaram a ser cunhadas moedas em diversos metais até que passou a ser utilizada a prata e o ouro. Com o surgimento dos bancos, estes passaram a emitir um certificado de depósito de moedas em ouro, os quais podiam ser utilizados em aquisições de bens, e foram chamados de Notas, o abuso do crédito com base neste mecanismo conduziu à falência de muitas centenas de bancos, estávamos no início do sistema Padrão Ouro que durou até ao acordo de Bretton Woods em 1944. Essas notas, ou certificados de depósito, deram início à circulação do papel-moeda que existe hoje. Este sistema de circulação, denominado sistema fiduciário, baseia-se na Fidúcia, ou seja, na confiança que os cidadãos têm no sistema bancário, foi o início da desmaterialização da circulação monetária. Não me vou alongar nesta área porque é demasiado complexa e extensa, existem muitos tratados a este propósito.
No terceiro quartel do século passado surgiu o cartão eletrónico que utilizamos actualmente para levantarmos dinheiro ou fazermos compras a crédito ou a débito. Graças a este sistema, a emissão de notas e moedas pelo banco central diminuiu drasticamente. As empresas e o Estado fazem os seus pagamentos através de transferências bancárias e as pessoas utilizam o cartão, a consequência será que daqui por uma década a quantidade de notas em circulação será residual e daqui por meio século não existirão quaisquer notas e moedas em circulação. É a desmaterialização total da Moeda.
Algumas das consequências da moeda eletrónica são, por exemplo, a diminuição progressiva dos empregados bancários, a facilidade das transações, redução dos custos empresariais, e a diminuição dos custos da emissão monetária. Note-se que os custos de produção das últimas notas de vinte escudos já eram superiores ao valor da própria nota.
A evolução tecnológica nesta área tem sido enorme, de tal forma que hoje já existem bancos que só trabalham através da internet, enquanto que há cinquenta anos a actividade crescente dos bancos implicava um aumento significativo dos empregados a trabalhar.
Foi um longo processo de criação e melhoramentos sucessivos da moeda, este processo levou milénios, hoje estamos na última fase do desaparecimento das notas e moedas, ficamos apenas com o conceito de moeda para regular a economia.
Sim, a moeda material vai desaparecer, a tecnologia permite esse salto qualitativo, passando da moeda fiduciária para a moeda eletrónica.