Queremos todos um Algarve melhor, mais sustentável, onde os algarvios possam prosperar em harmonia com o ambiente. No entanto, ao falar sobre os desafios que a região enfrenta, a reflexão sobre a responsabilidade muitas vezes é acompanhada por um sentimento de culpa, que pode minar o nosso sentido de honra e dever cívico. Afinal, a culpa é o ponto fraco da honra, e se queremos um Algarve verdadeiramente sustentável, precisamos de transformar a culpa em ação responsável e coletiva.
O Algarve é uma região de riquezas incomparáveis, tanto naturais quanto culturais. No entanto, essas riquezas têm sido pressionadas por problemas que exigem soluções urgentes e corajosas: a crise da habitação que afasta os residentes locais, o turismo massivo que esgota os recursos, a mobilidade caótica e a degradação ambiental que ameaça o ecossistema. Em vez de apenas apontar o dedo, o momento pede responsabilidade partilhada.
Se queremos um Algarve mais sustentável, temos de ser honestos sobre o que precisa mudar, sem nos deixarmos paralisar pela culpa. Encontrar soluções deve ser o que nos move
Quando falamos de sustentabilidade no Algarve, não estamos apenas a discutir o meio ambiente. Trata-se de garantir que os algarvios possam viver e trabalhar na sua própria terra, que as famílias possam encontrar casas a preços acessíveis e que o turismo, fundamental para a economia, seja equilibrado com as necessidades da população local e com a proteção do património natural.
O sentimento de culpa pelo que não foi feito, ou pelo que foi mal planeado, não pode ser o motor da mudança. Ao contrário, a honra de agir por um bem comum, a responsabilidade de encontrar soluções, deve ser o que nos move. A honra de deixar um Algarve melhor para as futuras gerações só será conquistada quando a culpa der lugar a ações concretas: na adoção de práticas sustentáveis, no planeamento urbano que coloque os residentes em primeiro lugar, no desenvolvimento de políticas que equilibrem o turismo e o ambiente.
Se queremos um Algarve mais sustentável, temos de ser honestos sobre o que precisa mudar, sem nos deixarmos paralisar pela culpa. Temos de honrar o compromisso de fazer o que é certo, não apenas para nós, mas para todos os que virão depois.
É com esse sentido de responsabilidade que o Algarve pode finalmente transformar-se na região modelo que todos sabemos que pode ser. É tempo de deixar de lado a culpa e de colocar a honra em ação.
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