Um aumento expressivo de um novo tipo de burla, em que as vítimas são confrontadas com falsos acidentes e pressionadas a pagar por danos que não causaram, está a ser alertado pela Polícia de Segurança Pública (PSP). Segundo os dados divulgados, este ano já foram registadas 111 denúncias deste crime.
Como funciona esta burla
A burla começa geralmente quando a vítima está a fazer marcha-atrás, muitas vezes em parques de estacionamento de grandes superfícies. Um indivíduo aproxima-se e alega que o veículo da vítima embateu no seu carro, exigindo uma compensação imediata em dinheiro.
Vítimas vulneráveis são o principal alvo
As autoridades identificam como principais vítimas pessoas idosas ou com alguma fragilidade económica ou física. A abordagem é feita de forma intimidatória, com o objetivo de forçar um pagamento no momento, sem recurso a seguradoras ou à polícia.
Falsos danos e pressão para pagar
Em muitos casos, os danos apresentados já existiam antes. Os burlões chegam mesmo a simular chamadas para oficinas, de onde alegadamente recebem orçamentos para justificar o valor exigido.
Em situações mais graves, os autores alegam ter sido atropelados, exigindo compensações por supostos danos físicos ou objetos danificados, como telemóveis ou óculos.
Pagamentos imediatos com terminal
A polícia refere ainda que há situações em que os suspeitos apresentam terminais de pagamento automático, tentando obter o dinheiro com cartão bancário no local da abordagem.
Número de casos está a crescer
Nos últimos quatro anos, a PSP contabilizou 625 queixas relacionadas com este tipo de crime, tendo-se verificado, em 2024, um crescimento de 47 por cento em comparação com os 129 casos reportados em 2023.
O número de denúncias deste tipo de burla em 2024 já representa 58 por cento do total do ano passado. Desde 2021, os casos mais do que duplicaram, e tudo indica que a tendência continuará a aumentar em 2025.
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Locais e horários preferenciais dos burlões
As abordagens ocorrem sobretudo entre as 10:00 e as 16:00, em locais com pouco movimento ou sem videovigilância. Os parques de estacionamento são os pontos mais utilizados pelos burlões.
A burla pode continuar em andamento
Se a vítima não parar logo, os suspeitos seguem-na de carro e, com sinais luminosos ou sonoros, tentam fazê-la encostar. Caso consigam, repetem a mesma narrativa e pressão.
A polícia alerta para o facto de alguns destes casos envolverem mais do que um burlão, o que aumenta o grau de coação sobre a vítima.
Conselhos da PSP
A PSP aconselha a que, em caso de dúvida, não se entregue qualquer valor e que se contacte imediatamente as autoridades. Situações em que o suspeito recusa o envolvimento do seguro ou da polícia devem levantar suspeitas.
Evitar locais isolados e sem pessoas
Se for abordado, pare apenas em locais movimentados. Nunca aceite deslocar-se a caixas multibanco acompanhado de desconhecidos. Recolher informações do suspeito e da viatura pode ser crucial.
A polícia lembra que não se deve fazer pagamentos em terminais de desconhecidos e que se deve recusar qualquer negociação sem presença policial.
Prevenção como principal ferramenta
A PSP está a reforçar ações de sensibilização junto da população, especialmente junto de idosos, para alertar para o funcionamento desta burla. O objetivo é prevenir novos casos e identificar mais rapidamente os autores.
Além da investigação criminal em curso, as autoridades pedem a todos os cidadãos que estejam atentos e partilhem estes alertas com familiares e amigos.
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