Em Portugal, cerca de 40% dos casos de Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) não são resolvidos, um dos valores mais elevados da Europa. Entre as principais causas estão obstáculos financeiros, longas listas de espera e dificuldades de acesso aos cuidados, como exames essenciais e programas de cessação tabágica.
Estas conclusões constam num White Paper assinado por várias entidades do setor da saúde respiratória, que pedem uma atualização urgente do Plano Nacional das Doenças Respiratórias, em vigor desde 2017, e que não contempla de forma específica a DPOC.
“Temos de começar a olhar para a DPOC enquanto problema de saúde pública que impacta a vida de milhões de pessoas e ameaça a sustentabilidade do sistema de saúde”, afirma José Albino, presidente da RESPIRA.
O dirigente sublinha ainda que “não só precisamos de uma atualização do Plano Nacional das Doenças Respiratórias, com este deve ter um foco claro na DPOC, algo que terá um impacto enorme na qualidade de vida dos doentes. E diminuindo o número de hospitalizações e complicações graves, estaremos também a reduzir os custos em saúde.”
A DPOC é atualmente a 5.ª principal causa de morte em Portugal e afeta cerca de 800 mil pessoas, número que poderá aumentar até 2050 devido ao envelhecimento populacional e a fatores ambientais. O impacto económico da doença ultrapassa os três mil milhões de euros anuais, agravado pela falta de estratégias integradas, como consultas de especialidade, reabilitação respiratória e acesso fácil à espirometria.
O documento propõe a criação de uma Estratégia Nacional para a DPOC, com um subplano dedicado, que abranja prevenção, diagnóstico, tratamento e monitorização da doença, e apela ainda à criação de um registo nacional de doentes com DPOC, bem como à recolha sistemática de dados que permitam melhorar o desempenho dos serviços e a qualidade de vida dos doentes.
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