Os distritos de Beja, Bragança e Portalegre não têm exibição comercial regular diversificada e diária de cinema, e dependem de equipamentos de gestão autárquica para passarem filmes.
De acordo com o Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA), em 2024 e no primeiro semestre de 2025, aqueles três distritos apresentavam os mais baixos níveis de audiência do país e a menos diversificada oferta de cinema à população.
Atualmente, o panorama da exibição de cinema no país é aferido através da informação estatística produzida pelo ICA, a partir dos dados informatizados de bilheteira que são reportados pelas salas e exibidoras, sejam empresas, autarquias, cineclubes ou outras associações.
Na análise global ao país, os dados são necessariamente parciais, porque há concelhos que não transmitem dados informatizados ao ICA, ou seja, podem ter algum tipo de oferta de cinema em equipamentos culturais municipais, mas a informação não chega àquele instituto.
Além do mais, “existem recintos que abrem, outros que fecham algumas salas, salas que apenas transmitem os seus dados de bilheteira no final do ano, entre outros aspetos, pelo que podem não estar refletidos nos apuramentos intermédios”, quando se analisam semestralmente, explicou uma fonte do ICA à Lusa.
Ainda assim, em 2024 e em 2025 (com dados apurados até 01 de setembro), os habitantes dos distritos de Beja, Bragança e Portalegre não tinham uma oferta regular e diversificada em várias salas de cinema.
De acordo com o ICA, em 2024, estes três distritos tinham um rácio de 0,1 espectadores por habitante. Juntos, Beja, Bragança e Portalegre registaram 30.001 entradas em idas ao cinema, para uma população de cerca de 377 mil habitantes.
O distrito da Guarda, por exemplo, registou 37.911 espectadores em 2024, beneficiando da presença, na sede de distrito, de quatro salas de cinema exploradas pela exibidora privada Cineplace.
Na cidade de Beja, a exibição de cinema era assegurada pelo teatro municipal Pax Julia e pela sala Melius Beja, de exploração privada, mas esta fechou para remodelação a 01 de agosto sem previsão de reabertura.
Segundo o ICA, nas 52 semanas de 2024, o Pax Julia programou 27 sessões, uma para cada filme programado. Até 01 de setembro deste ano, este equipamento municipal fez 14 sessões.
Em Portalegre, a oferta de cinema é do Centro de Artes e Espetáculos que, em 2024, acolheu 109 sessões e 5.022 espectadores.
Bragança, a sede de distrito, não reportou no ano passado ao ICA qualquer dado estatístico de exibição de cinema, embora possua um centro cultural e o Auditório Paulo Quintela.
A nível nacional, com base na informação estatística do ICA, em 2024 existiam 563 salas de cinema, das quais 172 estavam concentradas na região de Lisboa, 166 na região norte e 122 na região centro. As restantes 38 estavam na região do Alentejo, 36 na do Algarve, 15 nos Açores e 14 na Madeira.
Em 2024, 11,8 milhões de espectadores viram cinema numa sala, totalizando 73,3 milhões de euros de receita, mas são valores que ainda estão abaixo dos obtidos em 2019, antes da pandemia da covid-19. Nesse ano, o ICA contabilizou 15,5 milhões de entradas e 83,1 milhões de euros de receita de bilheteira.
A NOS Lusomundo Cinemas é a líder de mercado, com 218 salas de cinema, seguindo-se a Cineplace, com 67 salas, e a UCI Cinemas, com 42 salas, predominantemente situadas em contexto de centro comercial.
Sílvia Borges da Silva (texto) e Nuno Veiga (fotos), da agência Lusa
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